GP DA CHINA: Sou sinófobo. Não existe essa palavra, né? Pois agora passa a existir, inclusive no vocabulário do Microsoft Word. Não gosto da China, tenho aversão a basicamente tudo o que existe por lá. Por mim, ela poderia ter se tornado uma província do Quirguistão imediatamente após lançar ao mundo o macarrão e o sorvete. Se você é chinês ou fanático pelo país e ficou aí irritado, pode seguir esperneando. E seu circuito de Shanghai só torna meu desgosto ainda maior. Pista mediana em tudo, não chama a atenção por nada. OK, não serei tão radical. O Caracol e a curva 13 são legais, mas nada que deixe o saldo final positivo. E a corrida nunca é grandes coisas. Nos dois últimos anos, a chuva veio de grande ajuda e tivemos boas disputas. Mas se o sol bater forte, a possibilidade de ter uma das piores corridas da temporada é grande.

SILLY SEASON: E a tal da temporada boba (nunca entendi esse nome) já começou. O alvo da vez é o segundo carro da Red Bull. Como Sebastian Vettel é elemento pétreo na equipe, muita gente anda secando o australiano Mark Webber, que não está em boa fase e pode ser sumariamente dispensado no final do ano. A equipe da SporTV divulgou que Nicolas Todt, empresário de Felipe Massa, esteve conversando recentemente com o pessoal da equipe rubrotaurina. Difícil de acreditar, mas um boato sempre pode acender uma faísca. Por outro lado, o noticiário alemão Bild afirmou que Nico Rosberg, o andrógino de Wiesbaden, seria um bom candidato à vaga. Não sei o motivo de tanto oba-oba. Quem quer que entre na equipe, só estará lá para comboiar o atual campeão.

WEBBER: E o australiano realmente anda em uma fase dos diabos. Na Red Bull, todos só têm olhos para Vettel. Nas duas primeiras corridas do ano, Mark não obteve nenhum pódio mesmo pilotando um RB7 impecável. A mídia já anda palpitando sobre possíveis substitutos seus para o ano que vem. E para terminar, até mesmo a calma já foi embora. Na entrevista coletiva oficial, Webber se irritou profundamente com uma pergunta que o comparava a Eddie Irvine, notório escudeiro de Michael Schumacher na Ferrari. Ele respondeu energicamente que se tratava de uma pergunta ridícula, que todos o conheciam e que Vettel ganhou de todo mundo e não só dele. Mais do que qualquer um no grid, Mark Webber precisa de um bom resultado na China. Para afastar essa nuvem negra que não sai de cima dele.

WILLIAMS: Se Webber é a bola um entre os pilotos do grid atual, a Williams é a mais problemática entre as doze equipes. Nesse momento, seu lamentável FW33 só anda mais que os carros das três nanicas. E além de lerdo, ele também não é confiável: quatro abandonos nas duas corridas. Na Austrália, a revolucionária transmissão compactada quebrou nos dois carros. Na Malásia, o motor de Pastor Maldonado foi pro saco, enquanto que Rubens Barrichello abandonou devido a gremlins apelidados de “problemas hidráulicos”. Enfim, tá tudo errado. E não há sequer dinheiro para consertar esse desastre. Se seguir assim, não há como enxergar viabilidade nisso aí.

RICHARD BRANSON: Lembram-se daquela disputa entre os magnatas Tony Fernandes e Richard Branson para ver qual das suas equipes terminaria a temporada de 2010 à frente? O perdedor, no caso, faria o papel de aeromoça na companhia do outro. A Virgin levou um nabo da Lotus e Branson, resignado, aceitou a derrota. O excêntrico inglês servirá suquinho de laranja, Butter Toffees e Club Social desejando uma boa viagem a todos no dia 1 de maio em um voo especial de Londres a Kuala Lumpur. Enquanto Richard Branson, que não leva nada a sério, se diverte, por que ele não toma essa derrota como algo preocupante e não investe um pouco mais em sua equipe, que corre o risco de perder para a Hispania a qualquer momento?

Isso aí, gentem. Se você está esperando algum texto com polêmica gratuita ou simplesmente alguma história desconhecida, pode tirar algumas férias do Bandeira Verde. Como o tempo anda escasso e como a temporada está prestes a iniciar, resta a este aqui escrever sobre as participantes até a semana que vem. Falo hoje da oitava equipe a ser apresentada, a Williams.

AT&T WILLIAMS

Nos dias de hoje, a Williams faz o papel de equipe cult da Fórmula 1, admirada por todos aqueles que se julgam conhecedores da categoria. Também, pudera. Enquanto suas concorrentes não passam de montadoras ávidas por lucros ou aventuras de bilionários malucos e lavadores de dinheiro, a equipe de Sir Frank Williams respira automobilismo. Entre as doze equipes, é a que mais remete ao movimento British Racing Green, aquele que englobava as garageiras britânicas nos anos 60. E isso é muito legal.

Frank Williams, sujeito de fala mansa e ótima capacidade para aprender línguas, era um piloto de Fórmula 3 de razoável qualidade nos anos 60. Um acidente no circuito de rua luso de Vila Real pôs termo ao seu sonho de se tornar um novo Jim Clark. Contudo, Frank provou que era um sujeito de fibra e não desistiu do automobilismo, fundando a Frank Williams Racing Cars em 1966. Após breve passagem pelo automobilismo de base, a equipe inscreveu um Brabham para Piers Courage correr no GP da Holanda de 1969. Começava nesse instante a fantástica passagem de Frank Williams pela Fórmula 1.

Os primeiros anos de Williams na categoria foram bons, com Courage obtendo alguns ótimos resultados. No entanto, um acidente ceifou a vida do jovem piloto inglês no ano seguinte e o que se seguiu foi um longo período de trevas. Parcerias fracassadas, calotes, pilotos de qualidade duvidosa, dívidas intermináveis, dificuldades para se qualificar para as corridas, equipamento ruim – parece que estamos falando da Hispania, mas esta era a situação de Frank Williams em boa parte dos anos 70. Ninguém via futuro naquilo lá.

Após vender sua fracassada primeira equipe para Walter Wolf, Frank Williams decidiu recomeçar do zero e montou uma segunda equipe, a Williams Grand Prix Engineering, em 1977. Dessa vez, haveria um sócio: o engenheiro Patrick Head. As coisas seriam diferentes.

Em 1978, Frank conseguiu a simpatia de alguns empresários árabes, que estavam amealhando fortunas com os sucessivos choques do petróleo e que decidiram estampar os emblemas de suas empresas naqueles estranhos carros. Para pilotar, a Williams contratou Alan Jones, australiano que havia conseguido boa fama na Shadow. O período de vacas gordas para Frank Williams se iniciava aí.

Entre 1979 e 1997, a Williams obteve mais sucesso do que qualquer outra equipe. Foram 103 vitórias, sete títulos mundiais de pilotos, nove títulos de construtores e alguns dos carros mais impressionantes da história da categoria, como o ultratecnológico FW14B de 1992. A lista de pilotos que brilhou na equipe nesse período é igualmente relevante: Alan Jones, Clay Regazzoni, Keke Rosberg, Nelson Piquet, Nigel Mansell, Riccardo Patrese, Thierry Boutsen, Alain Prost, Damon Hill, David Coulthard e Jacques Villeneuve. E a Renault deve reconhecer que seus melhores dias ocorreram na época em que fornecia motores para essa estrutura vitoriosa.

Mas assim como costuma acontecer com outros impérios, o de Frank Williams ruiu a partir de 1998. A Williams não é campeã de nada desde 1997. Vitórias, apenas dez, na efêmera parceria com a BMW. Este período, por sinal, não foi lá muito bem aproveitado, apesar da presença da montadora germânica, de Ralf Schumacher, Juan Pablo Montoya e Michelin: a equipe não era páreo para a Ferrari e também teve muito trabalho com McLaren e até mesmo com sua ex-parceira Renault. Pelo menos, havia dinheiro e a presença lá no pelotão da frente era garantida. Mas isso também acabou.

Desde 2006, com o fim da parceria da BMW, a Williams voltou ao status de equipe garageira, sem um apoio oficial. Seus melhores resultados vieram das mãos de Nico Rosberg, um dos poucos bons motivos de felicidade nos últimos anos. No ano passado, Rubens Barrichello e Nico Hülkenberg sofreram com um carro irregular e de motor fraco. Ainda assim, o alemão fez uma pole-position sensacional em Interlagos. Em 2011, as coisas seguem iguais para a Williams. Ou melhor, até piores, já que os patrocinadores estão indo embora gradativamente.

WILLIAMS FW33

Se você estava de saco cheio de ver carros muito parecidos uns com os outros, ou carros que se assemelhavam demais às versões do ano passado, pode ficar contente: o FW33 é um carro bem mais ousado do que o anterior, além de apresentar algumas soluções que o fazem destoar da concorrência. Não que o carro seja a oitava maravilha do mundo. Na verdade, ele definitivamente não andou bem na pré-temporada. Mas pra quem gosta do sopro dos ventos da mudança, ele está aí.

Falemos, inicialmente, daquilo que se manteve. Podemos dizer que, ao contrário do que aconteceu com várias equipes, o formato do bico foi a parte que menos mudou. Ele só deu uma leve crescida para os lados. No mais, a altura e aquele estranho apêndice horizontal localizado na ponta do bico se mantêm visualmente iguais. De resto, novidades.

O bico em si está radicalmente curto, terminando antes da asa dianteira, caso único entre os carros dessa temporada. A impressão que eu tenho, aliás, é que toda a parte dianteira do carro está bem curta. Os sidepods estão até mais baixos do que os do ano passado, tendência oposta à das outras equipes. A entrada de ar sobre a cabeça do piloto deixou de ser triangular para assumir formato circular. A cobertura do motor avança um pouco mais em linha reta do que a do ano passado, e só depois faz uma linha diagonal até a traseira. Que, por sinal, é a atração maior do carro.

Tudo mudou lá atrás. A asa traseira está totalmente diferente. Redesenhada, ela cresceu bastante, ganhou novo formato e está em um ângulo mais reto do que a anterior, que era quase inclinada. A ideia, aqui, é economizar o máximo de espaço possível para permitir um maior fluxo do ar. Então, a Williams decidiu compactar ao máximo a seção traseira, projetando caixa de câmbio e diferencial menores, mudando a angulação dos eixos de transmissão e conectando as suspensões pullrod diretamente ao suporte central da asa. Tudo isso para diminuir dimensões. Conseguiram. Vamos ver se todas essas novidades funcionarão na pista.

11- RUBENS BARRICHELLO

Você, fã de Barrichello, não se incomode com a foto. Rubens está entre os meus três pilotos preferidos do grid atual. Entre todos os brasileiros, talvez só perca para Nelson Piquet em minha lista de preferências. Não sou um daqueles corneteiros divertidos da mídia leiga, portanto. Apenas um pouco de humor sobre um dos aspectos mais caricaturais do piloto mais polêmico que o Brasil já teve.

Rubens Barrichello completará 39 anos em maio. Ele é o segundo piloto mais velho do grid, perdendo apenas para o quarentão Michael Schumacher. Mesmo assim, é ele o recordista de inscrições em grandes prêmios na história da Fórmula 1: nada menos que 307, sendo que o primeiro foi o remoto GP da África do Sul de 1993. De lá para cá, Barrichello nunca esteve totalmente ausente de fim de semana algum. Ele até perdeu o GP de San Marino de 1994, mas participou dos treinos de sexta e pode carimbar no currículo, que o registro é legal.

Então, ele seria um Riccardo Patrese tupiniquim? Muita calma nessa hora, pequeno gafanhoto. Barrichello tem um histórico que pode até não ser estritamente genial, mas é definitivamente respeitável: 11 vitórias, 14 poles, 68 pódios e 654 pontos. Na pista, o brasileiro mostra garra e ótima velocidade, especialmente na chuva. Fora dela, é considerado um ótimo acertador de carros e alguém que consegue detectar problemas com rapidez e acurácia. Ele cumpre boa parte dos pré-requisitos de um campeão. Então, o que falta a ele? O pacote.

Mesmo com quase vinte anos de categoria, Rubens ainda carrega alguns vícios e defeitos que o impedem de conseguir mais na carreira. Falta-lhe certa constância na obtenção de resultados, além de um ritmo de corrida um pouco mais forte. Além disso, a enorme quantidade de reclamações e críticas sem muito fundamento o deixaram com a fama de chorão até mesmo entre boa parte dos estrangeiros. Tudo pode ser explicado pelo fato de Rubinho ser 100% coração. E é exatamente isso. Por melhor que ele seja, e ele é muito bom, a maior parte dos seus fãs –e isso, estranhamente, me inclui – torce com a emoção.

12- PASTOR MALDONADO

Patria, socialismo o muerte. Esta frase foi proferida com o punho erguido ao alto por um dos quatro estreantes da temporada 2011 da Fórmula 1. Pastor Maldonado, venezuelano de 26 anos, chega à Fórmula 1 trazendo consigo o sonho da revolução chavista, que quer construir uma Venezuela bolivariana – belos eufemismos para a implantação de uma ditadura comunista.

Quando o criollo Simón Bolívar voltou da Europa para a América do Sul falando em chutar as bundas daqueles malditos europeus, creio que a ida de Maldonado à Fórmula 1 não constava em seus mais ocultos planos. Mas Hugo Chavez, o próprio, crê que o trunfo de um piloto venezuelano é a prova cabal do sucesso venezuelano. Para ele, a revolução poderia, sim, triunfar em território inimigo. Sinceramente, não acho que o piloto de Maracay esteja lá ligando para revolução, bolivarianismo e bobagens afins. De modo oportunista, ele só quer fazer sua carreira engrenar.

Maldonado é, talvez, o venezuelano com as melhores credenciais na história do automobilismo. Nem Johnny Cecotto, astro das motos há umas boas décadas, conseguiu tanto sucesso dirigindo veículos de quatro rodas. O título da GP2, obtido de maneira estrondosa no último ano, deve ser o mais importante que o país já conquistou. Tudo bem, ele precisou de quatro temporadas para isso. Mas conseguiu.

Pastor é conhecido pela sua extrema agressividade, que já rendeu acidentes e alguns momentos bem constrangedores. Ainda assim, é visível que ele não é um zé-mané qualquer. Um pouco de polidez – e um pouco menos de politicagem – poderão transformá-lo em um piloto de respeito.

PILOTO DE TESTES: VALTTERI BOTTAS

De nome bem esquisito para nossos padrões latinos, este finlandês de 21 anos é uma das mais novas apostas de Frank Williams. E se Frank, que adora garimpar jovens talentos para contratá-los pagando pouco, diz que ele é bom, não há como discordar muito. Valtteri Bottas é um desses que, mesmo com pouca idade, já exibem um currículo bem recheado: títulos nos campeonatos europeu e norte-europeu de Fórmula Renault, o bicampeonato no Masters de Fórmula 3 e destaque no europeu de Fórmula 3. Mesmo que sua última temporada não tenha sido tão boa, Bottas ainda segue como uma das maiores promessas do automobilismo mundial e competirá pela poderosa ART na GP3 em 2011. Se corresponder, poderá conquistar o coração da Williams e salvar a honra finlandesa na Fórmula 1.

É época de vestibulares… na Fórmula 1, é claro. Enquanto jovens de classe média comemoram suas aprovações nos principais vestibulares brasileiros enchendo a cara com pinga vagabunda e pintando até o rabo, dois pilotos serão colocados à prova amanhã, no árido circuito de Jerez de la Frontera, na briga pela vaga de substituto de Robert Kubica na Renault. De um lado, o soturno Nick Heidfeld, apoiado por mim, pelos seus outros 18 fãs e talvez pela sua família. Do outro, o boa-praça Bruno Senna, apoiado por milhares de fãs e saudosos dos feitos de seu tio. O favorito é Heidfeld, mas esse assunto já deu o que tinha que dar. Vamos à história.

Decidir uma vaga por meio de uma sessão de testes é a coisa mais normal do mundo. Na Fórmula 1, quem não consegue completar sua dupla de pilotos com muitos meses de antecedência acaba tendo de recorrer a esse tipo de medida. Para quem escreve sobre o esporte é bom, pois há assunto para um período tão pobre de notícias. Em tempos não tão remotos, alguns pilotos derrotaram outros na briga direta por única vaga. Lembro de cinco histórias:

5- BRUNO SENNA VS LUCAS DI GRASSI

Bruno Senna

Os dois contendores do teste da Renault já participaram de outros vestibulares antes. No fim de 2008, dois brasileiros, Bruno Senna e Lucas di Grassi, se enfrentaram no circuito de Barcelona visando tomar a vaga de um terceiro brasileiro, Rubens Barrichello. Naquele momento, Rubinho estava com um pé e meio na aposentadoria e a Honda, equipe que estava em péssima fase, precisava mudar alguma coisa. Apostar em um piloto jovem que representasse um mercado em expansão poderia ser um primeiro passo.

Cada um teve direito a dois dias de testes: Bruno andaria nos dias 17 e 19 de novembro, enquanto que Lucas pilotaria nos dias 17 e 18. Ambos utilizariam o RA108, um carro ruim em todos os sentidos. Não se sabe até quando havia isonomia nas condições do teste, embora alguns técnicos da Honda tenham apontado que o fato de poder utilizar a pista no último dia, quando ela está bem mais emborrachada e aderente, poderia representar uma vantagem a Bruno Senna.

Mas não vou encontrar empecilhos aqui. Bruno entrou na pista e deu uma surra daquelas em Di Grassi. No primeiro dia, Di Grassi andou de manhã e fez 1m25s512. Senna entrou na pista à tarde e fez 1m24s343, quase 1s2 mais rápido. Se por um lado a pista estava em melhores condições para Bruno, por outro era necessário considerar que era seu primeiro contato com um Fórmula 1, enquanto que Di Grassi já havia feito oito sessões de testes.

No segundo dia, Di Grassi andou sozinho, deu 110 voltas e fez 1m22s283. Bruno Senna teve a pista para si no último dia, deu 107 voltas e fez 1m21s676. Não dá pra negar: vitória inconteste de Bruno Senna. No entanto, nenhum dos dois acabou levando a vaga, já que a Honda anunciou sua retirada da Fórmula 1 poucas semanas depois. E a equipe que a substituiu manteve Rubens Barrichello.

4- CHRISTIAN KLIEN VS VITANTONIO LIUZZI

Vitantonio Liuzzi utilizando um layout provisório

Esse vestibular aqui extrapolou os testes de pré-temporada e vigorou até as primeiras etapas da temporada de 2005. A Red Bull, equipe que estreava na Fórmula 1 após comprar o espólio da Jaguar, queria um companheiro jovem, promissor, descolado e cheio de piercings para correr ao lado de David Coulthard. E quem teria mais piercings do que Christian Klien e Vitantonio Liuzzi? Os dois foram escalados para uma bateria de testes para ver quem ficaria com a vaga. O sueco Bjorn Wirdheim também foi convocado, mas acabou recusando devido à possibilidade de acabar ficando sem a vaga de titular.

Klien e Liuzzi fizeram um monte de testes e os resultados eram absolutamente alternados, não havendo um padrão. Ou seja, um par ou ímpar seria mais justo para definir quem pegaria a vaga. Então, Christian Horner decidiu pelo seguinte: já que não soava justo ficar com apenas um e manter o outro apenas como piloto de testes, que se coloquem os dois para correr! Klien faz algumas corridas, Liuzzi faz outras e quem se sair melhor fica com a vaga até o fim do ano.

Christian fez as corridas da Austrália, da Malásia e do Bahrein. Largou entre os sete primeiros nas três, batendo o companheiro Coulthard em duas ocasiões. Marcou pontos nas duas primeiras etapas e deixou excelente impressão, algo que não havia conseguido em 2004. Nas quatro corridas seguintes, Liuzzi entrou em seu lugar. Fez uma boa apresentação em Imola, saiu da prova por erro nas duas corridas seguintes e terminou em nono em Nürburgring. Não foi tão bem nos treinos e marcou apenas um ponto. A partir daí, Horner não precisou pensar muito e declarou que Klien seria o piloto da equipe até o final da temporada.

3- JOS VERSTAPPEN VS GIL DE FERRAN

Gil de Ferran

No final de 1993, dois jovens e promissores pilotos do automobilismo base se encontraram no circuito luso do Estoril para um duelo que poderia valer uma vaga na Footwork. Um deles era brasileiro, Gil de Ferran, um dos líderes da Fórmula 3000 naquele ano. O outro era um moleque holandês que havia arrepiado na Fórmula 3 e na Fórmula Opel, Jos Verstappen.  Cada um tinha lá seu trunfo. Gil era mais experiente e tinha a boa experiência de haver testado pela Williams. Verstappen era orientado pelo ex-piloto Huub Rothengatter, de bom trânsito na Fórmula 1.

O teste seria realizado na semana seguinte ao do GP de Portugal. Os dois dividiriam um carro, que também seria pilotado por Christian Fittipaldi, e teriam um único dia para mostrar serviço. O melhor largava na frente na briga por pelo menos uma das vagas.

Verstappen, como de costume, não demonstrou qualquer medo e sentou a bota, marcando um excepcional 1m14s5. Para se ter uma ideia, nos treinos oficiais da corrida da semana anterior, o inglês Derek Warwick, primeiro piloto da Footwork, havia feito 1m14s3. Seu companheiro Aguri Suzuki fez 1m15s5, um segundo mais lento do que o holandês, cujo tempo o colocaria na décima posição do grid!

E o Gil? Bem, ele entrou na pista, deu 20 voltas e fez exatamente 1m16s0. O brasileiro se sentia mal em um cockpit que não o comportava direito, já que seu corpo era mais largo do que os outros pilotos que andaram no carro. Então, ele deixou o carro e pediu que os mecânicos fizessem alguns ajustes para aumentar o espaço. E enquanto isso, ele foi dar uma volta por aí.

Foi quando, ao passar por um dos caminhões da equipe, Gil deu aquela cabeçada em uma porta, o que lhe rendeu quatro pontos na cabeça. Zonzo e dolorido, ele teve de abandonar o restante do teste e o projeto de correr na Footwork. No fim, ele ficou mais um ano na Fórmula 3000, enquanto que Verstappen assinou com a Benetton e se deu mal.

2- JENSON BUTTON VS BRUNO JUNQUEIRA

Bruno e Jenson

No fim de 1999, a Williams estava baqueada. A equipe, então acostumada com vitórias, teve uma temporada horrorosa e só se salvou graças às boas performances de Ralf Schumacher. O outro piloto, o italiano Alessandro Zanardi, nem fazia lembrar aquele que foi bicampeão da CART e terminou o ano zerado. O que, para um time como a Williams, era inaceitável. Segundo seu contrato, Zanardi tinha mais um ano na equipe, mas Frank Williams deu um jeito e chutou os fundilhos do italiano. Havia um carro livre, portanto.

Como uma vaga na Williams nunca é ruim, um batalhão de pilotos foi bater às portas de Grove visando um emprego na equipe: Olivier Panis, JJ Lehto, Jörg Müller… Frank Williams não levou nada disso a sério. Ele mesmo resolveria quem iria correr no lugar de Zanardi. E haveria apenas dois candidatos: o brasileiro Bruno Junqueira e o inglês Jenson Button. Favorito, Bruno havia sido um dos destaques da Fórmula 3000 e já havia feito vários testes com a equipe. E Jenson?

Button era um moleque sardento com 20 anos recém-completados. Em 1999, havia feito duas curtas sessões de testes com a McLaren (prêmio dado em conjunto com a Autosport por ter sido o melhor piloto inglês em 1998) e com a Prost. Além disso, havia terminado a temporada da Fórmula 3 britânica em terceiro, deixando impressão até melhor do que a dos dois primeiros colocados. Para o ano 2000, ele pretendia correr um segundo ano na Fórmula 3. Ou pular para a Fórmula 3000. Fórmula 1, definitivamente, era coisa para o futuro.

Mas eis que, em um belo dia, enquanto estava em um pub com alguns amigos, Jenson Button recebe uma ligação de Frank Williams. Incrédulo, ele quase desligou o celular, pensando se tratar de um trote. Quando viu que não era, pegou suas coisas e viajou imediatamente para a Espanha. Lá, ele enfrentaria Bruno Junqueira pela segunda vaga. O brasileiro tinha o apoio da Petrobras, fornecedora de combustíveis da Williams. E o inglês teria todo o apoio de sua equipe e da poderosa mídia de seu país.

Button e Junqueira fizeram algumas voltas em Jerez, mas o tempo estava muito ruim e todo mundo decidiu ir para Barcelona. Por lá, os dois pilotos andaram nos dias 19 e 23 de janeiro. E Button surpreendeu a todos batendo Junqueira com facilidade: no primeiro dia, o inglês foi 1s1 mais veloz. Quatro dias depois, ele foi dois décimos mais veloz.

A decisão já estava tomada, mas não podia ser revelada. No dia 31, os dois pilotos foram chamados. Nenhum deles sabia o que iria acontecer. Frank Williams lhes informou quem venceu a disputa. Minutos depois, ele informou à mídia seu novo contratado. Aos 20, Jenson Button era o mais novo piloto do grid.

1- NICK HEIDFELD VS ANTONIO PIZZONIA

Nick Heidfeld no teste de Barcelona

Assim como Bruno Senna, Nick Heidfeld também já enfrentou uma espécie de vestibular. Foi em 2005, quando ele e o manauara Antonio Pizzonia disputaram a vaga de segundo piloto da Williams.

Foi uma novela. Tudo começou quando Ralf Schumacher e Juan Pablo Montoya, entregando muito mais dores de cabeça do que resultados, desertaram para outras praças. Com duas vagas disponíveis em sua equipe para 2005, Frank Williams começou a ir atrás de gente boa o suficiente para merecê-las. Primeiramente, tirou Mark Webber da Jaguar. Em seguida, anunciou Jenson Button, que vinha sendo a sensação de 2004 na BAR. Que dupla, hein?

É, mas o problema é que Button já tinha contrato com a BAR para 2005 e não conseguiu anulá-lo. Bem que o inglês tentou ao máximo retornar para sua primeira casa, mas o negócio foi parar nos tribunais e a BAR ganhou. Bom, paciência, né? Frank Williams, então, decidiu testar dois pilotos. Um deles era o alemão Heidfeld, que vinha pagando pecados na Jordan e que era do agrado da BMW. O outro era o brasileiro Pizzonia, que já estava trabalhando como test-driver e que agradava muito os químicos da Petrobras. Não era um simples vestibular, mas uma verdadeira guerra de influências. O vencedor seria aquele que conseguisse colocar no segundo carro seu piloto predileto.

Na pista, o negócio estava tão tenso como fora dela. Heidfeld e Pizzonia participaram de nada menos que três sessões diferentes de testes em três pistas espanholas (Jerez, Barcelona e Valência), totalizando oito dias para cada piloto. Os dois pilotos andaram com o FW26C nas mais diversas situações e puderam ser testados em todos os quesitos. No geral, Pizzonia foi o mais veloz em Barcelona e em Valência, perdendo apenas em Jerez. Nas sessões em que testaram juntos, Heidfeld foi o mais veloz em três e Pizzonia venceu em duas. Duelo equilibrado, mas o brasileiro aparentava ter alguma vantagem.

Só que a voz da BMW falou mais alto. Some seu poderio com o desempenho de Heidfeld, que esteve longe de ser ruim, e o veredito, que demorou uma eternidade para ser concluído, saiu no dia 31 de janeiro, dia da apresentação oficial dos pilotos da Williams. Minutos antes da apresentação, Frank Williams repetiu o que fez em 2000: chamou os dois pilotos no canto e os informou quem havia sido o escolhido. Deu Heidfeld. E Pizzonia seguiu como o piloto de testes.

Você olha para a Williams hoje e vê que há algo de errado. Muito errado. O carro é bonito, o bico é bem interessante e a pintura no melhor estilo Cooper tá muito interessante. A dupla de pilotos, composta pelo incansável Rubens Barrichello e pelo socialista Pastor Maldonado, é muito boa. E o staff técnico da Williams está acima de qualquer suspeita, sempre trabalhando a mil mesmo sem saber se haverá um amanhã. Mas sei não…

Mesmo tendo linhas audaciosas, o carro não convenceu muita gente nesses três primeiros dias de testes. Entre os 25 pilotos que testaram, Maldonado ficou em 12º e Rubinho em um distante 20º. Vale lembrar que o melhor tempo do venezuelano foi obtido no último dia, quando a Williams decidiu colocar menos combustível em seu carro. Mas não é só isso.

A ausência quase total de patrocinadores dá uma sensação bem desagradável, de total décadance sans élégance. Aquele horrendo “Venezuela” estampado na asa traseira soa como um sacrifício enorme que Frank Williams e Patrick Head fazem em nome da sobrevivência. E essa investida no mercado de capitais também dá margem a todo tipo de especulação. Enfim… Não é a primeira vez que Frank Williams passa por uma fase ruim. Na verdade, ele já deve estar acostumado com momentos até piores. Hoje, relembro sobre cinco desses momentos.

5- 1988

Tudo começou em meados de 1987, quando a Honda iniciou um bate-papo com a McLaren. De uma lado, a montadora japonesa queria novas parcerias. Do outro, uma equipe de ponta que estava em vias de se divorciar com a Porsche e que precisava urgentemente de um motor que mantivesse sua competitividade. A relação da Honda com a Williams não andava grandes coisas. Para manter a parceria em 1988, os japoneses exigiram a contratação de Satoru Nakajima, que corria na Lotus. Frank Williams tomou essa exigência como uma piada e mandou a japonesada catar coquinho em Nagoya.

Perdida a Honda, Nelson Piquet percebeu que sua equipe passaria por tempos negros nos próximos anos e decidiu cortejar outras vizinhanças. Paquerou a McLaren, mas não gostou do salário e da possibilidade de ter um turrão Alain Prost como companheiro. Acabou acertando com a Lotus pelo maior salário pago entre todos. E a Williams ficou chupando o dedo, sem seu melhor piloto e seu motor, tendo de recorrer a Riccardo Patrese e ao motor Judd, que nada mais era que o Honda utilizado na Fórmula 3000. 1988 seria um ano daqueles.

De fato, foi uma temporada difícil. O FW12 era um chassi bom, de concepção bem mais moderna do que os da concorrência. Os problemas maiores estavam na falta de potência do Judd V8 (“Esse carro é ridiculamente lento nas retas” – Nigel Mansell) e na suspensão ativa, que deu muita dor de cabeça aos pilotos no primeiro semestre. Patrick Head, maior defensor do sistema, decidiu voltar a utilizar a suspensão ativa a partir de Silverstone. E não é que Mansell fez um segundo lugar? O inglês terminaria em segundo também em Jerez, obtendo míseros 12 pontos no fim do ano. E Patrese fez ainda menos, oito. Foi o pior ano da equipe desde 1978. Pelo menos, no ano seguinte, viria o eficientíssimo motor Renault V10. E a equipe voltaria a trilhar o caminho do sucesso.

4- 1998/1999

Após uma sequência de anos vencedores, alguns pilares dessa estrutura bem-sucedida começaram a se ruir aos poucos. Antes mesmo de 1997, último ano em que um piloto da Williams foi campeão, já se sabia que a Renault, parceirona da equipe, estava abandonando o barco após o fim de 1997. No início desse ano, a FIA anunciou um novo regulamento para 1998, que previa carros mais estreitos e pneus slick. Para complicar ainda mais, a Bridgestone havia feito pneus muito bons e a Williams não usufruiria deles, tendo de aturar os Goodyear. E a cereja do bolo foi a ausência de Adrian Newey, contratado pela McLaren.

Logo, a equipe teria de se adaptar aos novos tempos. Mas não foi bem isso que ela fez. Na verdade, apostou equivocadamente no conservadorismo. Para 1998, ela desenvolveu o FW20, carro inteiramente baseado no FW19 com pequenas mudanças relacionadas ao novo regulamento. O pior é que o motor Mecachrome nada mais era que o Renault RS9 utilizado no ano anterior. Ele tinha tudo para, no máximo, permanecer no mesmo patamar de velocidade de 1997. Só que McLaren e Ferrari avançaram a passos largos sob o novo regulamento e ditaram o ritmo em 1998. A Williams passou o ano em branco, sem vencer pela primeira vez desde 1998. Jacques Villeneuve e Heinz-Harald Frentzen fizeram um terceiro lugar aqui e outro acolá, mas ambos passaram bem longe do sucesso.

Naquele momento, a turma de Frank Williams esperava ansiosamente pelo ano 2000, quando se iniciaria a parceria com a BMW. A Williams iniciou 1999 já sabendo que aquele seria um ano perdido. Só a nova dupla, composta por Ralf Schumacher e pela sensação da CART Alessandro Zanardi, poderia fazer algo de diferente. O FW21 era um carro com algumas mudanças, principalmente na parte dianteira, mas ainda não era muito diferente do FW19 de 1997. O motor, agora renomeado Supertec, era literalmente o mesmo dos dois últimos anos. Ralf ainda fez um ano muito bom e marcou 35 pontos. Zanardi, sofrendo com os pneus sulcados e com um carro bem mais sensível que os rudes Reynard da CART, passou o ano zerado. Tempos difíceis na Williams, que amargou também o layout mais infeliz de sua existência: um insosso vermelho e branco, cortesia dos cigarros Winfield e da cerveja Veltins.

3- 2006

Os anos com a BMW foram bons, mas não trouxeram o título que a equipe tanto esperava. Além disso, a montadora havia tentado comprar a totalidade da Williams, mas o sempre orgulhoso Frank disse não e mandou os alemães catarem coquinho em Munique. Como resultado, a BMW não renovou a parceria, pulou fora e fagocitou a Sauber, criando a efêmera porém bem-sucedida BMW Sauber.

E a Williams? Sem a BMW, ela percebeu que caminhar sozinha daria um trabalho danado. Para 2006, ela manteve Mark Webber e trouxe Nico Rosberg da GP2. Empregar novatos passaria a ser uma medida comum na equipe, que precisava cortar custos a qualquer maneira. E a questão de custos passaria a ser prioritária lá pelos lados de Grove. A Hewlett-Packard, patrocinadora oficial até 2005, cancelou o contrato um ano antes de seu término. E Jenson Button, piloto que tinha contrato com a equipe para 2006, também rescindiu o acordo. As multas pagas por estes dois lados ajudaram um pouco, mas não foi o suficiente.

O FW28 era um carro de bela pintura e linhas elegantes, mas rodeado de problemas. Seus pontos fracos eram a péssima dirigibilidade na entrada das curvas, a aderência como um todo e a falta de confiabilidade dos motores Cosworth, que quebraram em ocasiões particularmente pesarosas (Rosberg na Malásia, Webber em Mônaco). Mas culpar apenas o Cosworth pelas quebras é sacanagem: o carro inteiro era frágil e tanto Webber como Rosberg abandonaram 11 vezes devido a tudo quanto é tipo de problema. Por outro lado, é verdade também que os dois pilotos fizeram de tudo para bater e rodar, contabilizando nada menos que nove incidentes. Para coroar um fim de ano de merda, os dois pilotos bateram um no outro na primeira volta da última corrida, o GP do Brasil.

Apenas 11 pontos foram marcados, pior resultado desde 1978. Se considerarmos o sistema antigo de pontuação, a coisa fica pior ainda: apenas dois pontos teriam sido marcados, pior resultado desde os tempos de pindaíba da Frank Williams Racing Cars!

2- 1970 – 1972

No início de 1970, Frank Williams era um homem feliz. No ano anterior, sua equipe privativa, que utilizava confiáveis Brabham BT26A com motores Cosworth DFV, havia obtido ótimos resultados com o inglês Piers Courage. O bom momento da Frank Williams Racing Cars atraiu as atenções de um empresário argentino radicado na Itália, Alejandro de Tomaso. Interessado em investir em Fórmula 1, De Tomaso arranjou uma parceria com Williams e mandou um jovem engenheiro, Gianpaolo Dallara, construir um carro totalmente novo e ousado lá na Argentina.

O De Tomaso 505-38 era um carro realmente diferente dos charutinhos que então vigoravam, mas ser diferente não significava que ele era bom. Na verdade, ele era lento, extremamente pesado e muito pouco confiável. Una mierda. Courage arriscou seu pescoço nessa cadeira elétrica e acabou sofrendo um misterioso acidente em Zandvoort, falecendo na hora. Frank Williams ficou devastado: Courage era um de seus melhores amigos. Diz a lenda que após o ocorrido, Frank decidiu nunca mais manter qualquer tipo de relação estreita com seus pilotos.

O carro não tinha solução e Frank decidiu terminar a parceria com De Tomaso no final daquele ano. Para 1971, recorreu a um simplório March 701, ao projetista Len Bailey e ao francês Henri Pescarolo, piloto que tinha como principal atrativo o patrocínio da Motul. Henri nem andou tão mal e fez quatro pontinhos e uma volta mais rápida em Monza, mas ficava claro que aquele período de ascensão de Frank Williams havia ficado para trás.

No ano seguinte, com o dinheiro da Motul e da Politoys, Frank Williams decidiu arranjar um segundo March para o brasileiro José Carlos Pace, revelação do automobilismo internacional. Pace arranjou a vaga graças ao apoio do antigo Banco Português do Brasil (ahn?). Enquanto isso, a equipe construía um carro novo, o Politoys FX3. Este carro, pilotado pela primeira vez por Pescarolo no GP da Inglaterra, era um desastre completo. Os três únicos pontos marcados pela equipe foram feitos por Pace no antigo March 711 em Nivelles e Jarama. As coisas melhorariam um pouco com a chegada da Marlboro em 1973. Será?

1- 1973 – 1976

Período nenhum, desconsiderando o acidente de carro em 1986, foi pior do que este para Frank Williams. Tudo dava errado para ele: seus parceiros eram absolutamente voláteis, era impossível manter uma mesma dupla de pilotos por duas corridas seguidas, os carros eram terríveis e o dinheiro ia e vinha com mais velocidade que seus bólidos. Tudo era incerto na vida dele, que foi obrigado a postergar seu casamento devido a toda essa falta absoluta de horizonte.

O dinheiro da Marlboro, da Iso-Rivolta e dos patrocinadores pessoais de Nanni Gall garantiu a sobrevivência equipe, que se chamava Iso-Marlboro, em 1973, permitindo que Frank contratasse John Clarke para desenvolver um novo carro. Mas tudo deu errado. Os patrocinadores de Galli deram calote e o piloto italiano foi demitido após a corrida de Mônaco. Para substituí-lo, nada menos que sete pilotos foram requisitados. Ao mesmo tempo, a Marlboro obrigava a equipe a correr com o insuficiente Howden Ganley durante todo o ano. Ganley marcou um ponto e Gijs van Lennep marcou outro. E só.

Em 1974, a parceria com a Marlboro e com a Iso-Rivolta seguia firme e forte. Ganley dava lugar a Arturo Merzario, outro protegido da Marlboro, e o segundo carro foi pilotado por um monte de gente. Apenas Merzario pontuou, levando quatro bons pontos para casa. Apesar da parceria, a Iso-Marlboro estava quase quebrada. E para piorar as coisas, as duas parcerias desertaram no fim daquele ano. Pronto, fodeu!

Em 1975, Frank Williams teve de fazer tudo sozinho. Sua equipe, agora patrocinada pelo tal de Ambrozium, construiu o FW01, o primeiro carro genuinamente Williams. A dupla seria a mesma do final de 1974, Arturo Merzario e Jacques Laffite. A grana era curtíssima e Sir Frank se viu obrigado a tomar algumas atitudes inimagináveis para uma equipe de Fórmula 1. Maratonista, ele participava de várias corridas e utilizava os prêmios para pagar as muitas dívidas de sua equipe. Os atrasos nas contas e nos salários eram inúmeros. Diz a lenda que quando seu telefone foi cortado, restou a Williams utilizar um telefone público próximo à sua oficina. Outra lenda diz que um mecânico insatisfeito com os atrasos no seu salário foi pago com o próprio relógio de Frank Williams. E as pessoas ainda falam da Hispania…

Ao menos, o FW01 não era um desastre total e Laffite obteve um sensacional segundo lugar no dificílimo circuito de Nürburgring. Estes foram os únicos seis pontos da equipe, que teve nada menos que dez pilotos em 1975! No ano seguinte, Frank Williams associou-se ao magnata canadense Walter Wolf. Apesar de haver mais dinheiro, o amadorismo, a falta de qualidade dos carros e a multidão de pilotos mantiveram-se iguais. A única novidade foi a ausência de pontos, primeira vez que isso ocorreu desde 1970. No fim de 1976, Walter Wolf acabou comprando toda a equipe e Frank Williams se viu chupando o dedo. Mas ele não desistiu, associou-se ao jovem engenheiro Patrick Head e fundou uma nova equipe, a Williams Grand Prix Engineering. E a história começou a mudar…

Felipe Massa, um dos infelizes de 2010

Mas a Fórmula 1, felizmente, não é só feita dos quatro primeiros. Houve coadjuvantes para todos os gostos. Comecemos pelos outros dois, Felipe Massa e Jenson Button. Ah, Felipe. O que aconteceu?

Felipe Massa retornou à Fórmula 1 após passar alguns meses vestindo roupa de hospital e tomando sopinha de cenoura, consequências de uma mola que acertou sua cabeça durante os treinamentos do GP da Hungria do ano passado. Todos, muito felizes com seu retorno, esperavam ver aquele garoto atrevido e extremamente rápido mostrando a Alonso quem é que mandava em território ferrarista. Mas qual?

Felipe simplesmente não disse a que veio em 2010. Andou lá na frente no Bahrein, segurou um bocado de gente em Melbourne, fez um corridão em Hockenheim e subiu ao pódio em outras etapas. E só. Enquanto seu companheiro se desdobrava tentando levar seu limitado F10 à briga direta pelo título, Massa parecia perdido com atuações no mínimo conservadoras no meio do pelotão. No final do ano, estava claramente irritado e desmotivado. O golpe maior em sua felicidade, é claro, foi dado na Alemanha.

O GP da Alemanha de 2010 ocorreu no dia do aniversário de um ano do acidente húngaro. Massa, que largava em terceiro, conseguiu pular para a ponta logo no começo e se manteve por lá durante a maior parte do tempo. Merecia vencer, portanto. Mas a Ferrari pensou com a tabela de campeonato nas mãos. Felipe estava a longínquos 31 pontos de Fernando. O que importava era o título. Por mais que o brasileiro fosse querido e amado por todos em Maranello, em um momento decisivo, ele era apenas mais uma engrenagem da equipe. E a ordem veio. Felipe Massa deixou Fernando Alonso ir embora e sua única vitória no ano se esvaiu ali. E o brasileiro passou de herói a vilão no Brasil.

Que Felipe Massa, que passou a sofrer as mesmas críticas de Rubens Barrichello, consiga se recuperar em 2010. Que volte a ser o sujeito auspicioso e atrevido de outrora. E que ignore as críticas vindas do Brasil. Brasileiro, no geral, não sabe o que diz.

Mercedes de Schumacher. Ano razoável e só.

E Jenson? O filho de John Button decidiu assinar com a McLaren por um projeto pessoal, o de mostrar a todos que ele não era apenas “mais um campeão do mundo que deu a sorte de contar com um foguete”. Na equipe de Martin Whitmarsh, Jenson Button teria a fortíssima concorrência de Lewis Hamilton e buscaria provar a todos que, sim, ele também sabe fazer direito em um ambiente que não era exatamente favorável a ele.

Button ganhou duas corridas, em Melbourne e em Shanghai. Após a corrida chinesa, ele chegou a liderar o campeonato com dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado. Em Hockenheim, ainda era o vice-líder. Depois, com a queda de desempenho de seu McLaren, Jenson desapareceu. Ainda assim, um ano de razoável para bom. O que mais despertou a atenção de todos foi o uso extensivo de estratégias diferenciadas, com mudanças arriscadas no número ou na hora das paradas. E foi assim que o inglês ganhou as duas corridas e apareceu em outras.

No segundo escalão, temos a Mercedes e a Renault. A marca cinzenta de três pontas iniciou o ano esperando brigar com Ferrari, McLaren e Red Bull. Só que seu carro, o MGP W01, era conservador demais para dar alguma vantagem à equipe ou ao menos para permitir atualizações mais eficientes. O que vimos, além disso, foi uma surra de Nico Rosberg contra seu companheiro, o lendário Michael Schumacher: 142 contra 72.

Nico Rosberg fez seu primeiro ano em uma equipe de ponta. Muitos otimistas diziam que Schumacher e sua fralda geriátrica levariam a disputa interna com um pé nas costas, e restaria ao jovem alemão apenas ficar na sua, alisando seu cabelo de Barbie. Mas Nico foi humilde, discreto e altamente eficiente. Não foi espetacular, mas compensou garantindo pontos e resultados com a regularidade de um relógio suíço. Conseguiu três terceiros lugares e terminou o ano como um dos destaques. Faltou agressividade? Fica pro ano que vem.

E o Schumacher? Cheio da marra que lhe é característica, o homem está de volta. Muitos esperavam vê-lo botando pra quebrar, vencendo a molecada e mostrando que ainda tinha muita lenha pra queimar. Mas não foi bem assim. Na verdade, o que vimos na maior parte do ano foi uma corruptela de Michael Schumacher.

É evidente que ele teve lá seus momentos, como as ultrapassagens sobre Rubens Barrichello em Suzuka e, principalmente, aquela passada malandrona sobre Fernando Alonso na última curva do GP de Mônaco. Mas foram poucos. Michael passou a maior parte do ano desfilando com um carro meia-boca no meio do pelotão. Nem chegar perto do Rosberg ele conseguia direito. Em alguns momentos, como na China, Schumi esteve próximo do descalabro. Diz o cara que está se divertindo. Não sei como andar em 10º ou 11º pode ser divertido para um heptacampeão. Seria a vontade de pilotar sem holofotes?

Renault de Kubica. O renascimento

A Renault foi uma das equipes mais legais do ano. Ela terminou 2009 completamente desmoralizada, sem Alonso, sem Briatore, sem patrocinadores e com o carro mais feio do ano. Tendo 75% de suas ações compradas pelo obscuro grupo Genii Capital, a equipe renasceu das cinzas. Mudou a pintura, exibindo um psicodélico e nostálgico amarelo misturado com preto e alguns detalhes em vermelho. Mudou a gestão, colocando o discreto porém eficiente Eric Boullier na chefia. Mudou a dupla de pilotos, trazendo da BMW o espetacular Robert Kubica e fazendo estrear o vice-campeão da GP2 Vitaly Petrov, montado na grana russa. E fez um carrinho simples, simpático e veloz, o R30.

E o sapo virou príncipe. Com uma aparência rejuvenescida e bem mais simpática, a Renault foi uma das surpresas do ano. E o grande responsável foi o narigudo Robert Kubica, o melhor piloto do ano para mim. Kubica levou o quinto melhor carro do grid (não, não acho que o Mercedes tenha sido pior) às cabeças, pegou um segundo lugar em Melbourne, dois terceiros e terminou o ano a apenas seis pontos de Nico Rosberg. Alguns azares, como o problema nos pits em Spa e a roda estourada em Suzuka, tiraram a chance do polonês terminar o ano em quinto. Mas tudo bem. Kubica mostrou, em 2010, que ele é um sujeito que só precisa do carro para ser campeão do mundo.

A dupla do Leste Europeu foi completada por Vitaly Petrov, um dos pilotos mais insólitos que a Fórmula 1 já viu. Russo nascido em uma cidade que chegou a pertencer à Finlândia, assessorado pela mãe, patrocinado por uma apresentadora de TV, tímido pra caralho, desconhecia Michael Schumacher até alguns anos atrás e iniciou sua carreira em um Lada. Sujeito legal, portanto. Uma pena que seu ano não tenha sido lá dos melhores. É verdade que Vitaly chamou a atenção com suas superlargadas e com sua combatividade ao defender suas posições. Mas faltou regularidade e um pouco de calma.

Petrov marcou pontos em cinco ocasiões, tendo como melhor resultado um quinto lugar na Hungria. Fez corridas memoráveis, como em Shanghai, em Istambul, em Hungaroring e em Abu Dhabi. Mas bateu demais. E teve muitas dificuldades nos treinos de classificação. Merece uma segunda chance? Sim, porque é um piloto de ótimo potencial. Mas não pode seguir como uma vaca-brava soviética. Um pouco de maracujá não faz mal.

Williams de Barrichello. Pindaíba danada

Abaixo da Mercedes e da Renault, temos a Williams e a Force India. A Williams, tadinha, tá curtinha de grana. E o resultado foi um carro que só conseguiu render mais a partir da segunda metade do campeonato. O maior problema era o motor Cosworth, beberrão e de torque risível. E o FW32, convenhamos, também não é a maravilha absoluta da engenharia. Dito isso, Rubens Barrichello e Nico Hülkenberg fizeram trabalho digno.

Rubinho, que prometeu um título pela incansavelésima vez, fez um trabalho legal e deixou todo mundo boquiaberto na Williams, satisfeitíssima com seu conhecimento técnico, sua capacidade de liderança e, acima de tudo, sua motivação. Terminar o ano em décimo, com 47 pontos, não foi lá uma maravilha, mas o ano de Barrichello foi marcado por pequenas vitórias pessoais. A ultrapassagem sobre Schumacher na Hungria, embora nem tenha sido tão espetacular, representou uma boa lavada na alma. Ela pode nem ter sido assim tão significativa, até porque Schumacher continua sendo muito melhor do que ele, mas se o cara ficou feliz, que assim seja. E é de felicidade que Barrichello, um homem rico e que já fez bastante na Fórmula 1, precisa nesse momento.  

Nico Hülkenberg, campeão de qualquer coisa que você possa pensar, fez um ano legal. Longe de ter mostrado genialidade, Hülk mostrou que pode ao menos sonhar em fazer na Fórmula 1 o que fez nos outros campeonatos. Seu ponto alto, indiscutivelmente, foi a surpreendente pole-position em Interlagos, feita em um momento de inteligência e assustadora sorte. Nas demais corridas, alguns pontos, algumas boas atuações e outras bem medíocres. Para um estreante que não tem direito a muitos testes e que corre em uma Williams mambembe, nada mal. É chato contar com a possibilidade de não tê-lo em 2011.

Force India de Liuzzi. Melhor dentro do que fora das pistas

A Force India teve um 2010 bastante razoável. O VJM03, equipado com motor Mercedes, era um carro competente mas que não conseguiu se desenvolver muito. A equipe brilhou mais na primeira metade do campeonato, quando Adrian Sutil marcou 35 pontos e Vitantonio Liuzzi fez 12. Fora das pistas, o dono Vijay Mallya estava devendo as calças para meio mundo e até mesmo um problema relativo a atraso de declaração de bens na Inglaterra rendeu dores de cabeça ao flamboyant indiano.

Adrian Sutil deu uma boa evoluída em 2010. Parou de bater e de errar tanto e se tornou um respeitável piloto do meio do pelotão. E ainda pode crescer mais se conseguir um lugar em uma equipe de ponta.  Pontuou em nove ocasiões e foi figurinha fácil nos Q3 da vida. O que faltou? Manter a mesma forma no final da temporada. Mas o carro tem boa parcela de culpa aí. E errar um pouco menos também ajudaria. Sua aparição na Coréia foi uma das mais patéticas que já vi na vida.

Vitantonio Liuzzi, pelo visto, só seguirá conhecido pela aparência desleixada, pela surra no Schumacher no kart e pelo recorde de vitórias na Fórmula 3000. Discreto desde 2005, Tonio não conseguiu mudar sua imagem. Aliás, só fez piorar com um 2010 absolutamente fraco. O italiano voou em Sakhir, em Melbourne e em Yeongam, e só. No restante do ano, acidentes e performances fraquíssimas nos treinos. Como ele também não leva dinheiro, sua presença na Force India é basicamente inútil. Paul di Resta e Nico Hülkenberg competem por sua vaga.

Amanhã, a última parte.

A falta de tempo é grande, então tento escrever o menor texto de todos para não deixar esse site às moscas nesses primeiros dias da semana.

A foto é de Max Wilson, gaúcho de Hamburgo que se sagrou, nesse fim de semana, o mais novo campeão da Stock Car V8.  Wilson, que pilotou o Vectra amarelo da RC Competições nessa temporada, já esteve diretamente envolvido com a Fórmula 1 no final dos anos 90. Naqueles tempos, a Williams empregava vários pilotos bastante promissores como eventuais pilotos de testes. A preferência maior recaía sobre a turma da Fórmula 3000 Internacional, como eram os casos de Nicolas Minassian, Soheil Ayari e do próprio Wilson.

Max assinou com a equipe de Frank Williams em 1997. Naqueles bons tempos de vários pilotos brasileiros brilhando nas pistas internacionais, Wilson era um dos destaques da F3000. Pilotando um Lola-Zytek com o patrocínio da Petrobras, ele conseguiu terminar o ano em um ótimo quinto lugar. Sua equipe, a inglesa Edenbridge, o contratou após observá-lo dando um show na pista molhada de Interlagos no ano anterior, quando o ITC veio ao Brasil realizar sua etapa final e o brasileiro, que corria regularmente na Fórmula 3 alemã, decidiu fazer a corrida como convidado.

O teste da foto aconteceu em Magny-Cours com o Williams FW20 equipado com motor Mecachrome, que nada mais era que o Renault do ano anterior rebatizado com o nome da pequena preparadora de motores francesa. Fico devendo informações sobre número de voltas completadas e tempos. Mas apesar do bom relacionamento com todos, Max Wilson sabia que seu espaço na Williams seria pequeno. O test-driver oficial da equipe era o colombiano Juan Pablo Montoya, que causava furor com seu brilhantismo na mesma Fórmula 3000 do brasileiro. Enquanto Wilson terminou seu segundo ano apenas em nono, Montoya foi campeão de maneira soberba e se tornou o queridinho de Frank Williams. Restava apenas esperar.

Em 1999, Max Wilson decidiu continuar na Fórmula 3000, dessa vez correndo pela equipe oficial da Petrobras. Com mais de quarenta carros no grid, as coisas estavam complicadíssimas para os pilotos da categoria e Max não teve lá muita sorte no ano, como em Imola, quando foi tirado da pista por Nick Heidfeld enquanto era o líder. Seu melhor resultado foi um segundo lugar em Hockenheim. Os vínculos com a Williams ainda existiam, mas estavam bem mais fracos.

No final do ano, Wilson se candidatou a uma vaga na Minardi. Tinha um bom relacionamento com a Telefónica, patrocinadora principal da equipe, e a Petrobras também estava disposta a dar uma forcinha.  Mas a concorrência pela vaga de companheiro de Marc Gené era muito forte e quem tivesse mais dinheiro acabaria se dando melhor. No fim, o escolhido foi o argentino Gaston Mazzacane, que levava o maciço dinheirinho da PSN, antigo canal latino de esportes.

Wilson ficou parado em 2000, mas conseguiu retornar ao automobilismo no ano seguinte disputando a CART. Em um primeiro momento, ele assinou um contrato com a novata Sigma. Porém, para sua infelicidade, Oriol Servia não conseguiu assinar com a Prost para correr na Fórmula 1 e acabou voltando para os EUA, tomando a vaga de Wilson na Sigma. Mas a decepção de Max acabou no dia seguinte ao da súbita demissão, quando a Arciero o contratou para correr em seu Lola-Phoenix.

A oportunidade de correr na segunda maior categoria de monopostos do mundo parecia boa, mas a equipe era muito ruim e o carro, apesar de bonito, era lento e quebrador. E ele também não conseguiu completar o ano na equipe, já que Alex Barron entrou no seu lugar nas últimas etapas.

Em 2002, ele decidiu dar um rumo completamente diferente à sua vida ao anunciar sua transferência para a Austrália para disputar o competitivíssimo V8 Supercar, um dos melhores campeonatos de turismo do mundo. Max ficou por lá até 2008 e apesar de conseguir viver de automobilismo pela primeira vez, nunca conseguiu resultados relevantes devido à qualidade ruim das equipes pelas quais passou.

Cansado de tantas desventuras, Max decidiu voltar ao Brasil para correr na Stock Car V8 em 2009. E os bons resultados dos tempos da Fórmula 3 e da Fórmula 3000 não demoraram para voltar. No primeiro ano, ele conseguiu vencer uma corrida em Santa Cruz do Sul e terminou o ano em nono. Mas as coisas melhoraram visceralmente nesse ano. Com um carro bom e uma equipe estruturada, Wilson venceu duas etapas e ficou à frente de Cacá Bueno por um mísero ponto. E o gaúcho de Hamburgo conseguiu celebrar, após terminar a etapa de Curitiba em oitavo, o primeiro título da sua vida.

É isso aí. Parabéns, Max.

Perdoem-me a imprecisão histórica, até porque minha memória é falha e faz um tempo que li a respeito. No século XIX, em uma colônia espanhola localizada no norte da América do Sul, havia um jovem aristocrata de origem européia que passou uma temporada na Europa estudando e viajando. Leu alguns autores iluministas e revolucionários e voltou cheio das idéias novas para o Novo Continente. Por aqui, liderou uma revolução armada contra o imperialismo espanhol e foi o responsável maior pela independência de seu país, a Venezuela. Tendo conseguido seu objetivo, ele formou uma espécie de união com outras duas ex-colônias que também haviam acabado de lograr a liberdade territorial, a República da Grã-Colômbia. Seu maior sonho era o pan-americanismo, um movimento que congregaria todas as ex-colônias sul-americanas para formar uma potência que representasse a resistência à prepotência européia. O personagem em questão é Simón Bolívar.

O sonho de Bolívar não deu muito certo, mas inspirou muitos lunáticos ou oportunistas por aí. Um deles é o atual presidente da República Bolivariana da Venezuela, o caudilho gorducho Hugo Chavez. Megalomaníaco e ávido pela idéia de restaurar o sonho bolivariano com uma bela pitada de socialismo populista, Chavez comanda seu país como o último dos revolucionários, espinafrando a elite nacional e os opositores políticos, tidos como burgueses e lacaios do imperialismo capitalista americano. Mas nada como tirar uma casquinha do tal do sistema político do McDonald’s, não é? E é exatamente por isso que ele financia uma série de pilotos de automobilismo, o esporte capitalista par excellence.

Nesta semana, a Venezuela finalmente conseguiu o que queria: em 2011, o país terá seu primeiro piloto na Fórmula 1 desde há quase trinta anos. Pastor Maldonado, 25 anos, nascido em Maracay, será o companheiro de Rubens Barrichello da Williams. É o que a revista Warm Up diz. Segundo a reportagem, Maldonado levará 15 milhões de euros para a equipe, cerca de 34,7 milhões de reais. Uma grana boa, garantida pela miríade de companhias e órgãos estatais que o patrocina desde sempre. Fiz uma pesquisa sobre as tais companhias e órgãos. São nove. E nenhuma empresa privada.

Na verdade, apenas dois patrocinadores são empresas. Um deles é a PDVSA, Petróleos de Venezuela S. A. Esta é a menina dos olhos do corporativismo estatal venezuelano: terceira maior empresa petrolífera do mundo, 35ª maior empresa do mundo, dona de uma reserva de mais de 210.000 bilhões de barris, empregadora de quase 68.000 pessoas e grande instrumento de negociação de Hugo Chavez com o mundo. Desde 2004, a empresa é também a grande fomentadora de projetos sociais, educativos e esportivos, tendo gasto até aqui nada menos que 61,4 bilhões de dólares. E olha que a empresa registrou em 2009 lucro cinco bilhões de dólares menor do que no ano anterior, devido à queda na produção e no preço do barril. Faça chuva ou faça sol, lá está a PDVSA apoiando a galera. No automobilismo, podemos perceber a força da empresa: além de Maldonado, Ernesto Viso, Rodolfo Gonzalez e Milka Duno (por meio da CITGO, que pertence aos venezuelanos) também carregam seu emblema.

A outra empresa que o apoia é a Compañía Anónima Nacional Teléfonos de Venezuela, ou simplesmente CanTV, a maior empresa de telefonia e internet do país. Esta história reflete bem a relação de Chavez com as empresas privadas. Criada em 1930 como empresa privada, ela foi estatizada em 1953, privatizada novamente em 1991 e reestatizada em 2007, logo após a reeleição de Chavez. No seu primeiro período como empresa estatal, a CanTV ficou conhecida como um antro de corrupção, cargos nomeados, enorme ineficiência e atraso tecnológico. A privatização de 1991, assim como o que ocorreu no Brasil, expandiu a rede telefônica e trouxe a internet e a telefonia celular. O maior pecado da empresa era opor-se a Hugo Chavez. E nosso querido presidente, como solução, simplesmente ordenou a nacionalização da empresa, alegando “compromisso com a conquista da Plena Soberania e da autodeterminação” e visando “colocá-la a serviço de todos os venezuelanos” e “construir uma nova estrutura social na Venezuela em que predomine valores de igualdade, solidariedade, participação e responsabilidade”, como aparece no site do próprio Pastor Maldonado. É o socialismo autoritário travestido de boas intenções.

Os outros sete patrocinadores que constam são meros órgãos do governo. Na verdade, um deles é o próprio Poder Executivo, representado pelo slogan “Venezuela, ahora es de todos”. Os outros são o Instituto Nacional de Esportes, o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social da Venezuela, o Ministério do Poder Popular para o Turismo, o Banco de Comércio Exterior, o Instituto Nacional de Promoção e Capacitação Turística e o Ministério do Poder Popular para o Esporte. Na prática, quem manda a grana para a carreira de Maldonado é Hugo Chavez. E o petróleo é, literalmente, o combustível.

Quem manda a grana para Pastor Maldonado

Deixo bem claro a todos. Respeito profundamente quem é partidário da esquerda ou de Hugo Chavez, mas sou absolutamente contra. Não acho nem um pouco positivo o fato de um presidente utilizar suas empresas para motivações e projetos pessoais, como é o caso do apoio a um piloto. E não é perseguição, pois também não gostava do aspecto estatal das equipes francesas Ligier e Renault. O dinheiro público deve ser gasto com parcimônia em setores importantes, como a educação, a saúde ou até mesmo algum assistencialismo condicionado. Pagar impostos para ver um moleque correndo na Europa com seu dinheiro não dá.

Mas o fato é que Maldonado chegou lá. E, independente do fator político que há por trás, mereceu. De carreira longa porém relevante, Pastor chegou ao seu ápice até aqui ao ser coroado campeão da GP2 em Monza, após uma excelente temporada. As dez vitórias obtidas nas suas quatro temporadas na categoria o fazem o maior vencedor da história da categoria até aqui. Muitos torcem o nariz pelo fato dele ter disputado o campeonato por quatro anos, mas a verdade é que ele nunca teve lá grandes condições de ser campeão nos três primeiros anos.

Expliquemos. Em 2007, ele estreou pela mediana Trident. No ano anterior, a equipe italiana havia vencido três corridas e ainda era considerada um lugar razoável para estrear. A concorrência era fortíssima naquele ano, mas ainda assim Pastor conseguiu vencer de ponta a ponta em Mônaco, sua quinta corrida na categoria. No restante do ano, ele se destacou pela extrema velocidade e pelos inúmeros erros e acidentes. Pouco depois da etapa húngara, ele se machucou em um acidente quando fazia exercícios e quebrou a clavícula. Mesmo sem ter competido em oito etapas, ele ainda terminou em 11°, com 14 pontos a mais que companheiro.

Em 2008, encontrou um lugar na Piquet Sports ao lado de Andreas Zuber. Ele começou o ano completamente burro, cometendo uma série de erros, mas melhorou sensivelmente e venceu uma etapa em Spa-Francorchamps. A partir daí, pode-se dizer que o lado desastrado do venezuelano começou a desaparecer. No ano seguinte, uma migração para a ART sugeria uma belíssima chance para brigar pelo título. Mas tudo não passou de ilusão, já que a equipe estava trabalhando para Nico Hülkenberg vencer o título. Maldonado seria apenas o segundo piloto.

De fato, ele terminou apenas em sexto, com absurdos 64 pontos a menos que Hülkenberg. Mas também demonstrou notável evolução e aprendeu a parar de errar. E a agressividade foi mantida, como pôde ser visto na série de ultrapassagens feita na etapa espanhola. No início de 2010, ele teve sérias conversas com a natimorta Campos, que pediu inacreditáveis 50 milhões de dólares pela vaga. Ele até estava em vias de conseguir o dinheiro, mas deu o extremo azar de, na semana da conclusão da negociação, seu próprio “patrão” Hugo Chavez ter decidido desvalorizar paulatinamente do bolívar fuerte, o que acabou com qualquer chance de comprar uma vaga na Fórmula 1. Restou a ele assinar com a Rapax para um quarto ano na GP2 e rezar para que o carro fosse bom o suficiente para ele brigar pelo título. Felizmente, deu tudo certo.

Maldonado em 2010

Tão certo que até mesmo o sonho pan-americano do bolivarianismo vai se concretizar em 2011. Com Rubens Barrichello e Pastor Maldonado, a Williams terá uma dupla completamente sul-americana para a próxima temporada. É algo incomum. Se minha memória não trai, a última vez que isso aconteceu foi em 2004, com o colombiano Juan Pablo Montoya e o manauara Antônio Pizzonia correndo juntos por algumas etapas na mesma Williams! Frank Williams é o Simón Bolívar da Fórmula 1. Patrick Head, José San Martin.

Em 1983, a Theodore, de Teddy Yip, reproduziu a Grã-Colômbia na Fórmula 1 ao colocar pra correr o colombiano Roberto Guerrero e o venezuelano Johnny Cecotto. Hoje, Colômbia e Venezuela se odeiam e sempre aparecem com uma ameaça de guerra aqui e acolá. O ex-motociclista Cecotto, que correu na Fórmula 1 até 1984, foi segundo e o último piloto de seu país a competir na categoria. O primeiro havia sido Ettore Chimeri, milanês que emigrou para a América do Sul quando ainda era criança. Em 1960, ele arranjou um Maserati 250F e foi correr o GP da Argentina. Não agüentou o esforço de correr sob temperatura tão alta e desistiu após 21 voltas. Em 2006, Ernesto Viso foi inscrito como terceiro piloto da MF1/Spyker no GP do Brasil. Fez dois treinos livres de sexta e só.

Pastor Maldonado chega à Fórmula 1 carregando um país consigo e uma trajetória bastante relevante. A América do Sul domina a Williams. E o cara finalmente poderá mostrar a todos seu misto de loucura e genialidade. Mas é bom ele pensar bastante em Simón Bolívar. Como disse o próprio, apenas um passo separa o heróico do ridículo.

Escrevi ontem um artigo sobre a penúria pela qual a Williams vem passando. Ela, que já chegou a ser a maior vencedora de títulos de construtores da história, se transformou, de uns cinco anos para cá, em uma equipe média que trabalha no vermelho e que não tem lá grandes aspirações a não ser subir no pódio de vez em quando e fechar o ano no azul. Ninguém sabe se isso será possível nos próximos anos. Quatro dos atuais patrocinadores deixarão a equipe no fim do ano e as coisas ficarão bem difíceis para aqueles lados. O peru de Natal de Patrick Head será mirrado.

É triste ver a Williams assim, mas é a vida. Às vezes, uma equipe que já foi tradicional em outros verões se torna uma dispensável participante do meio do pelotão, ou algo até pior que isso. No geral, isso ocorre devido ao anacronismo presente na gestão dessas equipes. Como são chefes de equipe mais antigos, eles têm mais dificuldade em enfrentar os novos tempos. O caso de Frank Williams, é evidente, não é o primeiro. O Top Cinq de hoje fala de cinco equipes que conheceram as glórias e que terminaram, como posso dizer, na mais completa merda.

5- LIGIER


Das equipes do ranking, a simpática equipe francesa é a única que não chegou a ser campeã. E foi a que terminou de maneira menos pior. Guy Ligier, ex-jogador de rugby e piloto nas horas vagas, decidiu abrir uma equipe de protótipos e de Fórmula 2 que elevasse a bandeira da França aos pódios ao redor do mundo. Em 1976, a Ligier deu um salto maior e foi para a Fórmula 1. Utilizando um motor Matra V12, a equipe começou muito bem e venceu uma corrida, a sueca, logo no seu segundo ano. Jacques Laffite, o dono do feito, foi o piloto principal em seus primeiros anos.

O auge ocorreu entre 1979 e 1980. Em 79, Jacques Laffite começou o ano vencendo as duas primeiras corridas e o JS11 parecia ser o melhor carro do grid naquele momento. Com o passar do tempo, a Ferrari e a Williams melhoraram seus bólidos, mas a Ligier não deixou de terminar o ano em um excelente terceiro lugar. No ano seguinte, Laffite e Didier Pironi venceram duas corridas e deram à equipe o vice-campeonato de construtores. Infelizmente, os resultados começaram a definhar a partir daí. Sem ter à disposição um motor excepcional ou uma grande equipe de engenheiros, restou à equipe passar por altos e baixos.

Uma questão que marcou a existência da Ligier foi a política. Guy Ligier era amigão do presidente socialista François Mitterrand e do primeiro-ministro Pierre Bérégovoy. Desenvolvimentistas à la Getúlio Vargas, Mitterrand e Bérégovoy queriam elevar o nome da pátria da liberté, egalité et fraternité por meio do crescimento econômico planejado e dos subsídios. A Ligier era uma boa vitrine do avanço do país. Desse modo, mesmo que os resultados não viessem, o governo não hesitava em financiar maciçamente o projeto, que acabava tendo apenas patrocinadores estatais. Em suma, a administração era comparável a de uma repartição pública brasileira.

No entanto, Ligier sabia que o governo socialista e a mamata não seriam infinitos e, em 1992, ele vendeu a equipe para Cyril de Rouvre. A gestão da Ligier se profissionalizou e, a partir daí, os resultados começaram a reaparecer. Entre 1993 e 1996, ela obteve alguns pódios e até mesmo uma vitória, em Mônaco/1996. Mas Cyril de Rouvre também não quis mais saber da história e vendeu tudo para Alain Prost, que conseguia, enfim, realizar o sonho de ter sua própria equipe em 1997.

4- TYRRELL


Imagine se, por exemplo, a Brawn seguisse na Fórmula 1 como uma equipe independente. Imagine se ela vencesse mais um ou dois títulos e, depois, permanecesse por umas duas décadas como uma equipe medíocre no meio do pelotão. É mais ou menos isso que aconteceu com a Tyrrell, uma equipe que começou muito bem mas que minguou e passou a maior parte de sua existência como uma mera coadjuvante.

Ken Tyrrell, dono de uma madeireira, havia feito uma carreira de piloto medíocre e de dono de equipe de categorias menores com algum sucesso. Em 1968, ele se uniu à construtora francesa Matra para tocar uma equipe de Fórmula 1 juntos com o patrocínio da Elf e da Dunlop. A parceria deu certo de uma maneira impressionante e logo em seu segundo ano, a Matra-Tyrrell era campeã de construtores e de pilotos com Jackie Stewart. No ano seguinte, a Matra deixou a equipe e Ken Tyrrell arranjou um acordo com a Ford para usar o Cosworth DFV V8. Começava aí uma das parcerias mais longínquas da história da categoria.

Com Stewart, Elf, Dunlop e Ford, a Tyrrell venceu dois títulos de pilotos e um de construtores. Revelou gente como Patrick Depailler e François Cevert e trouxe para si a admiração de todos. Mas do mesmo jeito que o império emergiu rapidamente, ele também começou a cair rapidamente. Com a aposentadoria de Stewart, a ascensão dos rivais a superioridade dos pneus Goodyear, a equipe passou a ficar para trás. Em 1976, ela tentou uma cartada diferente ao lançar um carro de seis rodas, mas o projeto não deu certo como esperado e durou apenas um ano e meio.

A partir da segunda metade dos anos 70, a equipe passou a viver de triunfos efêmeros e esparsos. Uma vitória em 1976, uma em 1978, uma em 1982 e uma em 1983 foram os últimos momentos de sucesso da equipe, que perdia dinheiro a cada ano e que chegava a consumir todos os lucros da madeireira da família Tyrrell. A situação só piorou em 1984, quando a equipe foi desclassificada da temporada após ser pega colocando bolinhas de chumbo na gasolina, para resolver problemas de peso.

E as coisas seguiram mais ou menos assim até seu fim, em 1998. O último ano realmente bom foi o de 1990: com Jean Alesi, a equipe conseguiu dois segundos lugares e atraiu até mesmo uma parceria com a McLaren. Mas as coisas não avançaram muito e restou a Ken Tyrrell vender seu sonho para um punhado de empresários americanos e ingleses que criariam a BAR.

3- BRM


A história da BRM é muito bacana. Ela surgiu após a Segunda Guerra Mundial a partir dos sonhos de Raymond Mays, piloto de extremo sucesso nas corridas de subida de montanha entre o final dos anos 20 e os anos 40. Mays se uniu a alguns empresários britânicos, liderado pelo engenheiro Alfred Owen, dono da Rubery Owen, para fundar uma equipe de corridas que utilizasse motores próprios. Surgiu, assim, a British Racing Motors, ou simplesmente BRM.

A BRM era uma equipe que se caracterizava pela sua inventividade na questão dos motores. Seu primeiro motor, para se ter uma idéia, foi um trambolho de nada menos que 16 cilindros em formato de V. No entanto, o propulsor que mais sucesso trouxe à equipe foi um V8 cuja versão final chegava a 220cv e que levou a equipe aos títulos de construtores e de pilotos em 1962. Com quatro vitórias, o versátil Graham Hill foi o responsável maior pelo trunfo.

Mas a inventividade também cobrava seu preço. Em 1966, a BRM decidiu criar um motor H16 (!), composto por duas unidades V8, uma sobre a outra.  Esse motor nem era tão fraco, mas era extremamente pesado, o que elevava absurdamente o centro de gravidade do carro, e pouco confiável. Só mesmo Jim Clark, que utilizava um Lotus equipado com um motor versão cliente da BRM, conseguiria vencer uma corrida com essa porcaria, em Watkins Glen.

Eu diria que a decadência da BRM começou a partir daí. A partir de 1967, ela passou a utilizar um motor V12. Apesar de potente (em sua primeira versão, já desenvolvia 360 cavalos), ele ainda era muito pesado e pouco aerodinâmico. Os resultados começaram a minguar, e o último ano bom da equipe havia sido 1971, no qual Jo Siffert, Peter Gethin e Pedro Rodriguez trouxeram o vice-campeonato de construtores. Naquele período, a equipe já tinha trocado de CEO: Louis Stanley era quem dava as cartas.

Megalomaníaco, Stanley achava que deveria colocar o máximo de carros no grid em 1972, mais precisamente três pilotos bons e três pagantes. A equipe tinha o ótimo patrocínio da Marlboro, mas os resultados não vieram simplesmente porque é impossível gerenciar um monstro desses. Os resultados pioravam a cada ano, o dinheiro ficava cada vez mais escasso e a partir de 1975, ela deixou de participar de todas as corridas. Em 1977, ela tentou um último suspiro ao construir um carro novo para disputar a temporada completa, mas uma ação judicial tomada pela Tissot, um dos patrocinadores, acabou de vez com a equipe no fim daquele ano.

2- BRABHAM


A Brabham surgiu em 1962 como um sonho dos australianos Jack Brabham e Ron Tauranac. Brabham, que naquela altura já havia conquistado dois títulos, deixou a Cooper, que havia tido um péssimo 1961, quis abrir uma equipe com seu engenheiro e melhor amigo. A equipe fez três corridas e, logo de cara, conseguiu dois quartos lugares. No ano seguinte, quatro pódios foram obtidos e todos ficaram surpresos com seu terceiro lugar na classificação final.

Em 1966 e 1967, a Brabham venceu o campeonato de construtores, sendo que Jack Brabham obteve o terceiro título em 66. Jack, no entanto, estava velho, cansado e queria se retirar da Fórmula 1. No início dos anos 70, a equipe foi vendida a um empresário baixinho e bastante atrevido, Bernie Ecclestone. Com seu pão-durismo e sua avidez quase religiosa por lucros, Bernie reduziu investimentos, buscou um acordo financeiramente compensador e tecnicamente lamentável com a Alfa Romeo e os resultados diminuíram drasticamente nos anos 70.

A partir do final dos anos 70, no entanto, a equipe voltou às cabeças. O motor Alfa Romeo finalmente começou a funcionar, a Parmalat fornecia uma boa grana e um jovem e impressionante piloto, Nelson Piquet, surgia como potencial campeão do mundo. O brasileiro conseguiu dois títulos de pilotos contra concorrentes que tinham carros melhores. No entanto, a falta de continuidade com relação aos motores e o fato de Bernie Ecclestone dar muito mais atenção à administração da Fórmula 1 do que à sua própria equipe fez com que os bons resultados não se prolongassem muito. Em 1987, Bernie desistiu da Brabham, tentou vendê-la a qualquer arrivista, não conseguiu e fechou as portas. E não tivemos Brabham em 1988.

No ano seguinte, a equipe retornou com novo dono, o industrial suíço Joachim Luthi, e muitas expectativas. Mas o dinheiro era escasso e a nova Brabham nunca conseguiu fazer um carro competente. Além do mais, as constantes mudanças de dono só complicavam as coisas. No fim das contas, sem dinheiro e com um carro defasado e incapaz de sequer largar em todas as corridas, a equipe fechou as portas em meados de 1992.

1- LOTUS


E a primeira colocada não poderia ter sido outra. A Lotus, talvez a equipe mais marcante da Fórmula 1 depois da Ferrari (sim, mais do que McLaren e Williams), teve inúmeros momentos bons e uma decadência dolorosa e infeliz, talvez a mais infeliz de todas.

Sobre seus sucessos, não há muito mais o que falar. Sete títulos de construtores, seis de pilotos, 73 vitórias, uma miríade de inovações como o carro-asa, o aerofólio e o patrocinador e uma turma da pesada como Jim Clark, Ronnie Peterson, Emerson Fittipaldi, Graham Hill, Nelson Piquet, Ayrton Senna e Mika Hakkinen. Muitos aprenderam a amar o automobilismo vendo os carros esverdeados, pretos ou amarelos criados pela empresa do emblemático Colin Chapman. Há muito o que se falar sobre isso. Por isso, vou reduzir o texto aos seus maus momentos.

A decadência da Lotus começou no início dos anos 80, quando a Fórmula 1 buscou reduzir drasticamente o efeito-solo dos carros. Este era o trunfo maior dos carros da Lotus. Por outro lado, os motores turbo começavam a dar as cartas no esporte. E a Lotus nunca chamou muito a atenção pelos motores utilizados, exceção feita aos Renault de classificação, com mais de mil cavalos de potência. A misteriosa morte de Colin Chapman, em 1982, representou um baque terrível à equipe. Desaparecia o cuore, o cara responsável pela Lotus ser… a Lotus!

A equipe ainda era regida sob a batuta do competentíssimo Peter Warr, que Emerson Fittipaldi dizia ser até mais competente que o próprio Chapman em negócios e gerência. No entanto, as coisas não eram mais as mesmas. Sem ter direito a inovar, a Lotus se tornou mais uma. Desenvolveu chassis terríveis, como o 100T de 1988, e acabou minando sua credibilidade com isso. Aos poucos, perdeu os pilotos de ponta, os bons patrocinadores (a R. J. Reynolds, dona da marca Camel, deu cartão vermelho após tantos fracassos) e os acordos com as montadoras. Na primeira metade dos anos 90, a Lotus era apenas uma equipe pequena coberta de patrocinadores pequenos que dependia exclusivamente dos esforços do novato Mika Hakkinen e do bom Johnny Herbert. Mas nada disso foi o suficiente. E a falência veio de maneira dolorosa em 1994. Zero pontos, seis pilotos diferentes, um carro defasado e desânimo geral. Muitos dizem que a Lotus atual não é a verdadeira. Eu diria que a Lotus de 1994 é até menos fiel à original do que a malaia.

 

Nico Hülkenberg, ameaçado após pedir aumento

 

Andei lendo uma notícia que me deixou um tanto quanto aborrecido. A Williams, equipe inglesa que conquistou nove títulos de construtores e 113 vitórias, pode ser obrigada a se desfazer do alemão Nico Hülkenberg. O motivo é aquele cantarolado por Pink Floyd: dinheiro. Nico recebe quase um milhão de dólares anuais, mas seu empresário, o polêmico Willi Weber, acha que seu pupilo merece mais. Deu uma passada pelo RH da Williams, sentou-se à mesa e exigiu na maior cara-de-pau um aumento de nada menos que 250%, o que significa um salário anual de 3,5 milhões de dólares.

O pessoal da Williams, equipe conhecida pelo seu pão-durismo de causar vergonha a Tio Patinhas, ponderou, pensou bastante e concluiu que Hülkenberg não vale tanto assim. Até agora, ele marcou apenas 17 pontos e está em uma distante 14ª posição. Nem mesmo o melhor estreante do ano ele é: Vitaly Petrov, o soviético da Renault, tem dois pontos a mais. Logo, o pedido de aumento é absurdo e insensato. Se o jovem alemão está insatisfeito com seu salário, que vá mendigar um emprego de piloto de testes ou de ajudante de cozinha na Ferrari ou na McLaren. Diante disso, a Williams já teria iniciado conversas com outros pilotos. Um que teria dado uma passada para um chazinho em Grove é o venezuelano Pastor Maldonado, campeão da GP2 neste ano e criado do presidente bolivariano Hugo Chavez.

Mas não creiam que a possibilidade de Maldonado adentrar a Williams se dá unicamente porque Frank Williams cria aranhas no bolso na hora de pagar seus pilotos e prefere pegar a fila do SUS a pagar um health insurance. A situação financeira da equipe inglesa, na verdade, é bastante desconfortável, para dizer o mínimo. Quatro patrocinadores de alguma relevância já anunciaram que abandonarão o barco após o final da temporada. O primeiro a pedir arrego foi o banco escocês RBS, que quase faliu na crise ocorrida entre 2008 e 2009. Salvo pelo governo britânico, o banco teve perdas de cerca de 28 milhões de libras em 2008 (o maior prejuízo já registrado por uma empresa britânica) e foi obrigado a demitir mais de 20.000 funcionários no fim de 2009, além de ter de cortar custos em várias áreas, sendo que uma delas é exatamente o patrocínio dado à Williams. No entanto, como havia uma questão contratual, o banco foi obrigado a continuar com a parceria, só que fornecendo apenas metade do dinheiro previsto, o que significou um rombo de 11 milhões de dólares para a Williams. No fim do ano, o RBS cai fora da parceria, para a felicidade de muitos contribuintes britânicos, obrigados a arcar com o buraco causado pelo banco.

Outra empresa que abandona o barco é a Air Asia, a companhia aérea malaia de Tony Fernandes. Neste caso, a saída não se dá por problemas financeiros. Fernandes é o diretor geral da Lotus, uma das equipes novatas da temporada, e não faz sentido manter o patrocínio para uma concorrente. Nesta temporada, tanto Williams quanto Lotus carregam os emblemas da empresa nos aerofólios traseiros. Em 2011, apenas os carros esverdeados receberão a primazia. Azar de Frank Williams.

Recentemente, foi noticiado que a holandesa Philips, talvez o segundo patrocinador mais importante da Williams, não renovará seu acordo de patrocínio com a equipe, que acaba no final deste ano. Diz a lenda que a empresa está procurando uma equipe melhorzinha para o ano que vem. Além dela, uma patrocinadora menor, a McGregor, também não seguirá com a Williams no ano que vem. São quatro empresas a menos, portanto. Entre os patrocinadores maiores, apenas a AT&T anunciou que seguirá em 2011. Não deixa de ser algo excelente, uma vez que a empresa americana do ramo telecomunicações é o melhor parceiro da equipe, fazendo parte até do nome oficial, AT&T Williams F1. Os outros patrocinadores que seguirão, ou que ao menos ainda não anunciaram sua retirada, não são lá muito relevantes na contribuição com o orçamento: Reuters, Oris, Green Flag e Hell Energy Drink, entre os que eu consigo identificar à primeira vista.

 

Pastor Maldonado, o cara da grana

 

É uma situação chata pra caralho, mas não é, infelizmente, uma novidade para a Williams dos tempos atuais. Nos últimos cinco anos, vários patrocinadores, aborrecidos com a decadência quase eterna da outrora campeã mundial, foram embora sem dó. A lista não é pequena: Allianz, HP, FedEx, Petrobras, Budweiser e Lenovo estão entre as desertoras. Isso porque sequer citei a Baugur, grupo islandês que até propôs comprar a maior parte das ações da equipe e que sucumbiu à gravíssima crise de seu país em 2008. Como se percebe, além de tudo, a equipe de Frank Williams não dá sorte às suas parceiras.

Atualmente, o orçamento gira em torno dos 130 milhões de dólares. Apenas a Force India, a Sauber e as três novatas são mais pobres. Sem quatro patrocinadores, e com a Sauber recebendo um caminhão de dinheiro da Telmex, não duvido que a Williams se torne a equipe mais pobre entre as mais antigas em 2011. Tristeza para uma equipe que já estampou polpudos emblemas de grandes empresas como a Canon, a Camel, a Saudia Airlines e a Rothmans.

Se você perguntar pra qualquer um da equipe, ele irá dizer que tudo está sob controle e que o orçamento para 2011 está muito próximo de ser fechado. Não dá pra acreditar muito nisso. Após o pedido de aumento por parte de Willi Weber, Frank Williams sugeriu a ele trazer um bom patrocinador da Alemanha para, depois, poder conversar sobre o assunto. O outro piloto da equipe, Rubens Barrichello, teria até aceitado reduzir seu salário anual, que gira em torno dos 7,7 milhões de dólares. E não duvido que os cerca de 500 funcionários sejam consideravelmente reduzidos para o ano que vem. Outras medidas tomadas pela equipe são a busca incessante pela parceria como uma grande montadora, como a Volkswagen, e o uso momentâneo do motor Cosworth, beberrão, fraco e barato.

Diante disso, dá pra entender porque o nome de Pastor Maldonado é mencionado. Ele carrega consigo uma série de patrocinadores estatais venezuelanos (PDVSA, CanTV, o próprio governo venezuelano), o que pode significar algumas dezenas de milhares de dólares. Neste momento, qualquer ajuda serve. Aceitam-se todos os cartões.

Este título tem um quê de dejà vú, já que eu escrevi um texto sobre os pilotos novatos há um tempo e utilizei algo muito parecido. O interessante é que o raciocínio utilizado para explicar os casos de Nico Hülkenberg e Vitaly Petrov serve para explicar também o que acontece com Lotus, Virgin e Hispania e por que não teremos uma 13ª equipe em 2011.

Eu falo muito sobre as equipes novatas. Se eu pudesse, só escreveria sobre elas. Mesmo que seus carros sejam umas jabiracas, mesmo que sua desorganização faça corar uma família italiana, mesmo que sua participação na atual temporada tenda ao despropósito, eu tenho muito mais prazer em noticiar ou comentar algo sobre elas do que, por exemplo, sobre umas certas equipes carcamanas por aí. E já andei comentando sobre o motivo disso. Gosto das equipes pequenas. São muito simpáticas e arejadas. Mas não é todo mundo que tem o mesmo bom gosto.

Ontem, a FIA anunciou que não haveria uma décima terceira equipe na Fórmula 1 em 2011. Sem muitas delongas, o argumento era que nenhuma das candidatas havia cumprido os muitos requisitos exigidos pela entidade. Não se sabe exatamente que requisitos são estes, mas imagina-se que há uma série de questões técnicas, financeiras, comerciais e até mesmo políticas e geopolíticas que existem apenas para evitar os lunáticos. Afinal, a Fórmula 1 é um esporte de respeito e a equipe que quiser entrar na fraternidade tem de merecer. Até aí, tudo bem. Na semana que vem, escrevo um outro texto sobre os critérios de escolha da tal vaga. O problema maior, no entanto, não envolve grana ou politicagem. É tudo uma questão de expectativa.

Jean Todt queria uma novata como a Brawn? Faz-me rir...

Quando a FIA anunciou, no ano passado, o tal teto orçamentário de 40 milhões de libras, muitos atacaram a federação com paus e pedras. O inconformismo era geral. Como pode a Fórmula 1 se rebaixar ao ponto de aceitar um monte de miseráveis? Max Mosley é um sadomasoquista nazista que quer destruir o esporte! A Fórmula 1 é para quem pode! Se o cara não tem bala na agulha, não deveria nem ter equipe de kart! É melhor ter 10 carros realmente bons no grid do que 30 Minardis! Se todas estas besteiras fossem ditas apenas por ferraristas pirados ou jornalistas de oitava categoria, tudo bem, irreleva-se e a vida segue em frente. Mas não eram apenas eles. Bernie Ecclestone, o dono da bola, demonstrava um ceticismo absolutamente preconceituoso com as futuras novatas. Jornalistas e dirigentes sensatos, aves rarae do automobilismo, concordavam.

De fato, nenhuma das três novatas está fazendo um trabalho de encher os olhos. A Lotus verdinha e malaia é a que está melhor. A Virgin vermelhinha e pretinha belisca a Lotus e a Hispania com uma inconsistência típica do patrão Richard Branson. E a Hispania, tadinha, só espera por verões mais auspiciosos. E as dasluzetes da Fórmula 1, aquelas pessoas que acham que equipe de corrida é igual a grife francesa, apontaram seus dedos na cara da FIA dizendo que estavam certas. Lugar de pobre é na fila do INSS e no auditório do Sílvio Santos, afinal. É evidente que estão todos errados. O Bernie, o Briatore, o Montezemolo, o Gracia, os ferraristas pirados, os jornalistas de oitava categoria e as dasluzetes.

Como eu disse acima, o problema é de expectativa. Nos tempos atuais, tempos em que todo mundo acha que a vida é um grande Twitter, não há qualquer pensamento a longo prazo. Semana passada é outra era geológica e semana que vem é futuro utópico. Não há mais paciência, aquele campo vasto que permite florescer a razão e a sensatez. Diante disso, todos acham que é obrigação moral e cívica de uma equipe novata fazer algo de relevante logo em seu primeiro ano. Não há mais aquela margem de tempo, aquele discurso de “queremos obter um pódio em, no máximo, cinco anos”. As equipes devem aparecer prometendo mundos e fundos. Como Orestes Quércia, promete-se vitórias e títulos em prazos não tão longos. E se uma equipe não faz esse tipo de prognóstico, ela é perdedora e não merece estar na Fórmula 1. Simples assim.

Não é um fenômeno tão antigo. As pessoas eram tolerantes com equipes novas até uns 15 anos atrás. A frescura se iniciou a partir do momento em que as vagas se tornaram limitadas e os custos dispararam. Entre 1998 e 2005, apenas a Toyota se dispôs a criar uma equipe do zero. E ela apareceu gastando meio bilhão de dólares por ano e anunciando que brigaria por vitórias “em três anos”. Tudo bem que estes três anos nunca existiram, mas o fato é que ela iniciou um novo padrão de equipes, aquele em que uma estrutura só entra na Fórmula 1 se for um colosso dos mais pretensiosos. Desde então, a dificuldade para abrir uma equipe cresceu exponencialmente. E todos passaram a pensar, de maneira completamente equivocada, que uma equipe novata deveria aparecer com uma estrutura toyotiana.

A Williams foi a Hispania dos anos 70. Resultado: nove títulos de construtores nos anos 80 e 90

Em 2009, no entanto, surgiu a Brawn. Equipe comandada pelo engenheiro Ross Brawn, ela virou a queridinha de todos tão logo os resultados vieram. A novela era perfeita: um engenheiro talentoso comprou o espólio da Honda, criou uma pequena equipe nova em apenas um mês, contratou dois pilotos virtualmente aposentados e deu a tremenda sorte de ter um foguete em mãos. Quando todos se deram conta, a Brawn estava vencendo corridas e levando, para casa, os títulos de pilotos e construtores. E o que não passava de uma belíssima exceção se tornou uma desagradável exigência. Se a Brawn, que começou sem dinheiro e sem a menor expectativa, conseguiu vencer o campeonato, por que as novatas não podem sequer marcar pontos? Para muitos, a equipe foi a prova de que não havia a necessidade de haver uma estrutura toyotiana para apresentar resultados a curto prazo. Tudo errado.

Ninguém tem a obrigação de nada. Por menos que pareça aos olhos dos infantes, abrir uma equipe de Fórmula 1 dá uma dor de cabeça dos infernos. As pessoas que dizem que o teto de 40 milhões de libras, algo próximo de 130 milhões de reais, banaliza o esporte só podem estar cheirando meia velha. Uma equipe de GP2, Indy ou NASCAR nunca irá gastar mais do que 20 milhões de dólares anuais. A Hispania, com muito esforço, conseguiu juntar 50 milhões de dólares para competir. A Ferrari gasta dez vezes mais do que isso. Pensem: a Hispania é pobre ou a Ferrari gasta demais? 50 milhões de dólares não é pouco dinheiro nem mesmo em Liechtenstein.

E exatamente por isso que ninguém deve encher o saco das equipes novatas. Tudo é muito difícil e elas precisam de tempo para se desenvolver. Eu acredito que Lotus, Virgin e até mesmo a Hispania possuem potencial o suficiente para subir de patamar no tempo certo. E o mesmo vale para as equipes que não foram selecionadas para 2011. Se a Epsilon Euskadi entrasse no grid, ela provavelmente andaria atrás até mesmo da Hispania. O pessoal da equipe teria isso em mente, até porque sabe que o crescimento é gradual e os planos são sempre de longo prazo.

Termino trazendo a lembrança de equipes como a Williams e a Jordan, que começaram de maneira quase amadora e precisaram de um bom tempo para se desenvolverem corretamente. Seria muito, mas muito estranho ver a equipe de Frank Williams nos anos 70 sendo chamada de amadora e dispensável pela geração Twitter, que acha que todo mundo tem de ser Lewis Hamilton e Brawn. Nesse exato momento.