Grande Prêmio da Austrália: a Qantas financia um pouquinho. O resto fica por conta do cidadão local

Os sinais são bem claros.

Na quinta-feira passada, Bernie Ecclestone ligou para Gianni Alemanno, alcaide de Roma, para dizer que não haveria mais uma corrida de Fórmula 1 a ser realizada na capital italiana. A mídia repercutiu a ligação com força. No dia seguinte, o promotor da futura corrida, Maurizio Flammini, anunciou que não era bem assim e que Ecclestone, na verdade, propôs uma alternância entre Monza e Roma como sedes do GP da Itália. O jornalista inglês James Allen, macaco velho do meio, interpretou a sugestão como uma simpática maneira de Bernie sugerir que não queria mais saber de Roma.

Bernie Ecclestone foi a última pessoa importante a se manifestar contra a corrida de Roma. Antes dele, muita gente importante e até mesmo insuspeita nesse assunto já havia se pronunciado a respeito. Luca di Montezemolo, um dos sujeitos mais poderosos de seu país, disse que era contra haver mais de uma corrida em um mesmo país e que a preferência deveria recair sobre novos mercados. Em pesquisa recente, 80% dos moradores da cidade dizem discordar da realização da corrida. E o próprio prefeito de Roma declarou que o circuito de Monza é historicamente mais importante.

Com exceção de Flammini, que parece não passar de mais um italiano picareta, ninguém quer essa corrida em Roma. A princípio, é estranho ver tanta gente que seria beneficiada pela Fórmula 1 rechaçando a categoria. Na verdade, não é. Ao contrário do que a expansão do calendário do campeonato nos últimos anos sugere, cada vez menos gente está interessada em receber a Fórmula 1. E cada vez mais países estão interessados em pular fora.

Os australianos, por exemplo, estão cansados de perder dinheiro com a Fórmula 1. Em 2010, a organização do Grande Prêmio da Austrália registrou prejuízos de 49 milhões de dólares. Em 2009, as perdas foram de 40 milhões de dólares. Para não dizer que a culpa é da crise econômica de 2008, as perdas de 2006 ultrapassaram os 20 milhões de dólares. Somando todas as perdas, o GP já sumiu com nada menos que 200 milhões de dólares! Alguns políticos locais de mentalidade mais austera consideram que a Fórmula 1 é um gigantesco ralo onde se escoa uma considerável parcela de recursos públicos. E estão certos.

Grande Prêmio da Bélgica: ameaçado por questões financeiras e sonoras

O GP da Austrália é patrocinado pela Qantas, maior companhia aérea do país. Pelo que pude apurar, a empresa paga cerca de 3 milhões de dólares para estampar seu nome na denominação oficial do Grande Prêmio (Qantas Grand Prix of Australia) e para espalhar seu logotipo por várias partes do circuito. 3 milhões de dólares é quirera perto dos custos necessários para a realização da corrida. O restante da grana vem do governo. Assim como acontece com praticamente todas as corridas do calendário.

Os defensores da corrida australiana alegam que a corrida em Melbourne é uma das medidas de revitalização do local, que não era lá aquelas coisas até meados dos anos 90, e também um poderoso propulsor do turismo no país. Tudo besteira. Em 1995, muitos habitantes de Melbourne reclamaram um monte sobre a transferência da corrida australiana de Adelaide para seu parque municipal. Há três anos, um auditor independente concluiu que a corrida não só não turbinou o turismo em Victoria, estado onde se localiza Melbourne, como também não rendeu os dividendos esperados. O GP da Austrália pode ser muito divertido, mas representa um fardo pesadíssimo e despropositado para o contribuinte australiano.

O caso australiano não é único. Para desespero dos seus muitos fãs, o Grande Prêmio da Bélgica é outro enorme problema. Entra ano, sai ano, e a corrida de Spa-Francorchamps segue ameaçada para os anos seguintes. Nós podemos reclamar muito, mas não temos como discordar 100% dos motivos. Muitos habitantes das pacatas cidadezinhas locais reclamam muito do barulho dos motores. E eles não estão errados, já que devem escutá-lo em boa parte dos fins de semana do ano (lembrando que não existe só a Fórmula 1). Além do mais, até onde eu sei, não foi a região de Spa-Francorchamps que se desenvolveu após o surgimento do circuito, mas exatamente o contrário. Logo, os nativos têm todo o direito de reclamar.

Mas o pior dos motivos é financeiro, é claro. A corrida belga, assim como a australiana, é uma enorme privada de recursos públicos. Ela é 100% financiada com o dinheiro dos contribuintes e só traz como contrapartida prejuízos. Em 2009, a organização da corrida reportou perdas de 6,6 milhões de dólares. E 2010 deve ter sido ainda pior, já que as vendas de ingressos foram bem inferiores às do ano anterior. Mergulhados em profunda crise, os europeus estão cansados de perder dinheiro para o Estado. Uma corrida de Fórmula 1, nesse contexto, não passa de um capricho estúpido.

Australianos e belgas são os exemplos mais extremos de uma dura realidade edulcorada pelo glamour do esporte. Há outros exemplos. A China, país de mais de 1,5 bilhão de habitantes, é incapaz de lotar suas arquibancadas. Os chineses não se interessam pela Fórmula 1 e a categoria já não sabe mais o que fazer para conquistar este poderosíssimo mercado. Outros países asiáticos, como a Malásia e a Turquia, também lamentam arquibancadas vazias, desinteresse generalizado e perspectivas cada vez mais sombrias. O que salva todas essas “novas corridas” é o dinheiro público de governantes oportunistas e irresponsáveis. E se a torneira fechar um dia?

Grande Prêmio da China: aquele CHINA ali é uma maneira de preencher as arquibancadas vazias

Isso está para acontecer com o Grande Prêmio da Europa, realizado no circuito de rua de Valência. Seu organizador, Francisco Camps, praticamente implorou a Ecclestone para que seja liberado do contrato leonino que garante a corrida até 2012. Os números são absurdamente negativos. Foram gastos 120 milhões de dólares apenas na construção do circuito. Anualmente, 40 milhões de dólares são gastos com a realização da corrida, sendo que 24 milhões são depositados diretamente em contas de Bernie Ecclestone localizadas em paraísos fiscais. E quanto a organização consegue recuperar? Em 2010, por volta de míseros 13 milhões de dólares, o que não paga nem a comissão de Ecclestone. O buraco é financiado, mais uma vez, pelo governo.

Segundo o que andei lendo, de todas as 19 etapas realizadas em 2010, apenas o Grande Prêmio da Inglaterra é lucrativo. Os ingleses são doidos por corridas e, faça chuva ou faça sol, lotam as arquibancadas de Silverstone. Os patrocinadores, como o banco Abbey, são bastante generosos e o resultado é positivo. As demais corridas, no entanto, apresentam apenas abstrações como “retornos institucionais” ou, na melhor das hipóteses, vantagens absolutamente indiretas. O GP do Brasil, por exemplo, é o evento internacional que mais traz grana para São Paulo. Mas devemos considerar que Sampa é uma cidade de excelente infra-estrutura que não tem nenhum outro grande atrativo turístico natural. Nesse caso, uma corrida de Fórmula 1 só faz bem para ambos os lados: os gringos se divertem com cerveja, putas e churrasco e os paulistanos conseguem turbinar os setores de turismo e de serviços. Eu diria que uma corrida de Fórmula 1 só funciona verdadeiramente nesse caso.

Prejuízos, desinteresse, reclamações dos habitantes locais… É sintomático ver tantos argumentos contra uma corrida de Fórmula 1. A verdade é que Bernie Ecclestone impõe um estilo de grande prêmio que se mostra financeiramente insustentável, urbanisticamente inútil e esportivamente desinteressante. As corridas acabam trazendo benefícios reais para apenas uma pessoa: ele mesmo.

Com isso, a tendência, a médio prazo, é haver cada vez menos países “responsáveis” no calendário. Bernie Ecclestone será obrigado a negociar com políticos extravagantes ou simplesmente irresponsáveis que se disponham a cumprir todas as miseráveis cláusulas de realização de uma corrida, o que inclui enormes quantias de recursos públicos destinadas à Fórmula 1. Você acha ruim ter corrida em locais antidemocráticos como a China ou Abu Dhabi? Prepare-se, porque a coisa tende a piorar.

Quem quer a Fórmula 1? Os políticos responsáveis não querem. Os contribuintes não querem. Os torcedores estão querendo cada vez menos. Ela vai acabar ficando nas mãos de Hassanal Bolkiah, Hugo Chavez, Robert Mugabe e Nursultan Nazarbayev.

E a Fórmula 1 segue fazendo seu papel de Fodor automobilístico. Dessa vez, o novo país a ser desbravado é a Coréia do Sul, aquela que é capitalista. O circuito de Yeongam, preparado às pressas após uma série de problemas e um cronograma mais desorganizado do que república de estudantes, recebeu algumas horas atrás os primeiros treinos livres do Grande Prêmio da Coréia. E, surpreendentemente, a pista agradou a muita gente, inclusive a mim. Os trechos de alta velocidade são realmente velozes, o retão é visualmente interessante e os pontos de freada forte complicam a vida dos paupérrimos pilotos. E ainda tem algumas peculiaridades, como o muro que circunda as curvas 16 e 17 e aquela zebra da curva 18, na qual o carro passa por cima em alta velocidade, jogando um monte de terra na pista. Tudo legal, muito legal.

Mas é claro que Hermann Tilke, o arquiteto semi-oficial da Fórmula 1, não podia deixar de colocar suas marcas registradas. Eu reconheço que o circuito é bem diferente das demais pistas do calendário, mas alguns conceitos tipicamente tilkeanos estão lá. Você sabe reconhecer as tendências dos circuitos desenhados pelo lápis maroto do alemão? Agora, saberá.

5- CURVÃO ARREDONDADO DE ALTA


Este é um tipo de curva que poucos reparam, até porque não é utilizado na maioria dos circuitos feitos por Tilke. Em Yeongam, ele está lá, representado pela curva 17. Em poucas palavras, é uma curva de alta velocidade no qual o carro percorre um trecho circular rodeado por muros. O piloto simplesmente faz uma única tangência com o pé no acelerador. Um carro sem muito downforce sofre para completar esse tipo de trecho. Um argumento possível para o uso cada vez mais comum deste tipo de curva é a possibilidade de aproximação e formação de vácuo para uma tentativa de ultrapassagem.

Além de Yeongam, o circuito de rua de Valência é cheio de trechos deste tipo. O primeiro é a curva 1, uma continuação da reta dos boxes. O piloto entra com o pé cravado no acelerador e apenas mantém o volante esterçado levemente para a direita. Há a curva 7, no qual o piloto faz um leve movimento sutil para a esquerda enquanto acelera ao máximo. Há a curva 11, talvez o trecho mais veloz da pista, no qual o piloto esterça para a esquerda enquanto acelera por um longo trecho. E há o trecho que liga as curvas 15 e 16, no qual o piloto também mantém o carro esterçado à esquerda. Há quem considere esta uma sequência, mas o movimento de volante do piloto é tal que dá pra considerar o conjunto como uma curva só.

4- SEQUÊNCIA DE CURVAS DE BAIXA


O maior alvo de críticas do modelo tilkiano de circuitos é o excesso de trechos de baixa velocidade. A maioria dos circuitos assinados por Tilke tem ao menos um complexo de curvas de primeira e segunda marcha separadas por pequenas retas ou, em alguns casos, simplesmente conectadas umas às outras, formando algo próximo de um ziguezague. A explicação do arquiteto para isso é simples. Sequências de curvas de baixa aproximam os carros, permitindo que o que está atrás cole na traseira do que está na frente e comece a tentativa de ultrapassagem a partir do momento em que um trecho mais veloz ou uma reta se aproxime. Na teoria, faz sentido. Mas se o carro que está atrás é tão dependente de um ar limpo e não consegue lidar com a turbulência gerada pelo carro da frente, do que adianta?

O fato é que as sequências existem e serão cada vez mais comuns, se depender de Hermann Tilke. O circuito barenita de Sakhir inaugurou neste ano um complexo de nove curvas de baixíssima velocidade que liga as antigas curvas 5 e 6. Criticado por todos, ele não reaparecerá em 2011. Yas Marina tem várias sequências de baixa velocidade, especialmente na parte final. Yeongam tem as lentíssimas curvas 4, 5 e 6, que antecedem o retão de mais de um quilômetro. E até mesmo o veloz circuito de Istambul tem três curvas consecutivas, 12, 13 e 14, que quebram a velocidade para aproximar os carros na reta dos boxes.

3- COTOVELO


O que é exatamente um cotovelo? É difícil dar uma explicação exata, então vou utilizar a nomenclatura para designar dois tipos de curvas. Um dos tipos de cotovelo é aquele que se assemelha muito ao Hairpin do circuito de Suzuka: uma curva de baixa velocidade, grande angulação e diâmetro curtíssimo que forma um “U”. Sepang tem uma curva assim, a 15, que está localizada ao lado da grande arquibancada e desemboca na reta dos boxes. Yas Marina também tem um, a curva 7, que também desemboca em um retão.

O outro tipo de explicação para cotovelo é aquela curva bastante pontiaguda, de baixa velocidade e raio minúsculo. Este tipo de trecho é muito comum em circuitos tilkeanos. Shanghai tem a curva 6 e a curva 14. Marina Bay tem vários, mas o que se destaca é a curva 13, que sai de uma ponte. Valência também tem muitos, e destaco as curvas 12, 17 e 25, que saem de trechos de alta velocidade. Sakhir tem a primeira curva, que sempre faz bicos voarem. E até mesmo o antigo A1-Ring, primeiro trabalho de Tilke para a Fórmula 1, tinha vários cotovelos que separavam as retas.

2- RETÃO


Sempre que vejo um circuito novo com um retão e uma descrição do tipo “maior reta do calendário da Fórmula 1”, dou risada. A cada novo projeto, Hermann Tilke supera sua antiga “maior reta do calendário da Fórmula 1” com uma ainda maior. Atualmente, o honroso título está com o segundo retão de Yeongam, que tem um pouco menos de 1,2 quilômetro de extensão. Antes dele, o quase novo Yas Marina era o detentor do título, com cerca de 1,173 km de reta, apenas alguns metros a menos que o circuito coreano. E aquele retão de Shanghai é um pouco menor que os outros dois retões, creio eu. Sakhir e Sepang também têm retas de tamanho considerável. O argumento é óbvio: retas maiores permitem um maior tempo de vácuo e são, obviamente, os melhores trechos para executar uma ultrapassagem.

No entanto, obra nenhuma de Hermann Tilke supera os 1.475 metros da maior reta da história da categoria, aquela reta dos boxes do remodelado circuito de Fuji, que esteve no calendário em 2007 e 2008. Mas não pensem que vai ficar assim. O circuito americano de Austin, um dos projetos futuros de Tilke, terá uma reta de sei lá quantos quilômetros, bem maior do que qualquer uma que já existiu. Como se vê, não há limites para ele.

1- SEQUÊNCIA DE CURVAS DE ALTA NA MESMA DIREÇÃO


Para quem não acredita na criatividade de Hermann Tilke na hora de desenvolver um trecho veloz e que quebre a cabeça dos pilotos, eis que o arquiteto nos presenteia com a curva 8 de Istambul, aquela que chamei certa vez de “melhor curva da década”. E não é só a melhor curva da década, mas também a mais desafiadora da Fórmula 1 atual. Mais que a Eau Rouge? Pô, a curva belga pode ser feita perfeitamente com o pé cravado no acelerador e com alguns toques sutis no volante. A curva 8, ao contrário, faz o piloto brigar com o carro, com o acelerador, com a tangência, com a força centrífuga e com a mãe.

Mas o que há de tão espetacular nessa curva? Ela é basicamente uma sequência de quatro curvas de alta feitas à esquerda. Cada curva tem seu raio e sua tangência ideal e o piloto deve saber mudar a tangência sem perder muito tempo ou o carro. É uma tarefa inglória, e muitos perdem a dianteira ao tentar completá-la o mais rápido possível. O carro precisa ter um acerto que privilegie o comportamento da parte dianteira: se ele sofre de subesterço, não conseguirá passar incólume pelo trecho. Esta é a solução que Tilke encontrou para fazer os pilotos cometerem erros.

De certa forma, este tipo de curva é uma solução até comum nas pistas de Tilke. A nova pista de Austin terá um trecho muito parecido com a sequência turca, mas com as curvas sendo feitas à direita. O circuito de rua de Valência tem um trecho com natureza semelhante, as curvas 19 e 20, nas quais o piloto acelera e vira levemente à direita, tendo de corrigir levemente para entrar na segunda curva. E outras pistas como Shanghai e Sepang também utilizam o conceito de juntar curvas de mesma direção e tangenciamento distinto, ainda que com velocidades reduzidas.

MCLAREN 9,5 – Só não fez 10 porque não colocou nenhum carro na primeira fila e tinha capacidade para isso. O resto foi impecável: um Button inteligente e um Hamilton mercurial que levaram seus carros cromados a uma belíssima dobradinha.

MERCEDES 7 – Fez duas corridas distintas. A de Rosberg foi boa, com o alemão andando sempre à frente. A de Schumacher foi desastrosa, com o outro alemão andando lá no meio do bolo. Com Ross Brawn, tem a melhor equipe de estratégia da Fórmula 1, mas poderiam caprichar mais no trabalho dos pits.

FERRARI5,5 – Vem errando nas estratégias constantemente de uma maneira insuportável. Alonso, mais uma vez, foi combativo e salvou o fim de semana da equipe. Já Massa nunca brilhou e perdeu a liderança do campeonato. Dessa vez, porém, os dois motores chegaram ao fim inteiros.

RENAULT 9 – Tomou uma atitude corajosa e esperta ao deixar os dois pilotos permanecerem na pista com pneus slick. Kubica só não pegou um pódio por causa do segundo safety-car e Petrov conseguiu, enfim, terminar uma corrida, e ainda por cima nos pontos. Os resultados estão melhores que os carros, que não são ruins.

RED BULL3 – Mais uma vez, uma corrida perdida. Depois de fazer mais uma classificação impecável, tudo foi por água abaixo no péssimo trabalho de box da equipe na primeira parada de seus dois pilotos. Após isso, nunca mais conseguiram se recuperar. E o carro não estava lá grandes coisas.

FORCE INDIA 2,5 – Pela primeira vez no ano, os indianos não pontuaram. Sutil passou bem perto, mas Liuzzi não completou sequer a primeira volta. Por incrível que pareça, a equipe esteve muito melhor na corrida chinesa do ano passado.

WILLIAMS 1,5 – O carro nunca esteve bom e nem as táticas de corrida, como é comum chez Grove. Nem Barrichello e nem Hülkenberg tiveram qualquer chance de pontuar.

TORO ROSSO0 – Ridículo, o problema das suspensões dianteiras do carro do Buemi na sexta-feira. O fim de semana não foi tão ruim assim, embora também não tenha sido bom. O zero vai pelo fiasco do carro do helvético.

LOTUS4 – Menção honrosa por ter arriscado, com Kovalainen, a manter um carro na pista com pneus slick no começo. Pena que o bólido é muito ruim e o finlandês nem pôde sonhar em pontuar. Trulli abandonou outra vez.

HRT4 – Vem avançando a passos lentos, e já está próxima de Virgin e Lotus em termos de performance. Pela segunda vez consecutiva, os dois carros chegaram ao final. É uma pena que a equipe seja tão desorganizada e pobre.

VIRGIN 1 – Um carro nem largou, o outro abandonou com apenas oito voltas. Mais uma vez, a falta de confiabilidade é um problema. Pena, pois Glock foi o mais rápido das equipes novatas na classificação.

SAUBER 1,5 – Chega a ser triste ver uma equipe com tanta história não dispor de dinheiro de patrocinadores e ter carros tão problemáticos. Kobayashi, além de tudo, é azarado e abandonou na primeira volta. De La Rosa chegou a andar nos pontos, mas quebrou.

CORRIDA ÓTIMA – Não me lembro de uma corrida aonde houve ação durante todas as suas voltas. É óbvio que a chuva ajudou, mas pra uma pista que nunca tinha tido até então uma corrida memorável, o que tivemos nessa madrugada de sábado para domingo foi uma agradável surpresa. Muitas ultrapassagens, um acidente na primeira volta, movimentos polêmicos e corridas excepcionais de pilotos como Jenson Button e Lewis Hamilton. Honestamente? Desliguei a TV e fui dormir satisfeito.

TRANSMISSÃONORMAL – Nada de mais. O Galvão insistiu apenas em algumas pseudopolêmicas como a ultrapassagem de Alonso sobre Massa na entrada dos pits e o segundo safety-car. Mas nada que não aconteça em toda corrida. Não me lembro de outras bizarrices do Reginaldo Leme e do Burti. Deve ser o sono. Mas enfim, passo o trio de ano.

JENSON BUTTON9,5 – Em condições normais, não parecia ser favorito. Mas foi só chegar a chuva que o inglês voltou a mostrar largas doses de risco, estratégia e sorte. Permaneceu na pista úmida com pneus de pista seca, assumiu a liderança quando passou Rosberg e, mesmo com a intervenção do safety-car, não perdeu a ponta. Vitória sensacional de um piloto que, definitivamente, está muito acima da média.

LEWIS HAMILTON9,5 – Vem fazendo o papel de showman do ano até aqui. Passou um bocado de gente, com direito a ultrapassagem dupla sobre Vettel e Sutil e algumas sobre o heptacampeão Schumacher. Teve também alguns revezes, como o contraataque tomado por Rosberg, mas eles também fazem parte do jogo. No fim, terminou bem próximo de Button. Está em boa fase, mas vê um Button mais eficiente ser o melhor piloto da McLaren no momento.

NICO ROSBERG8,5 – Para variar, direto e eficiente. Assim como Button, contrariou a maioria dos rivais e preferiu permanecer na pista úmida com pneus slicks. Porém, perdeu a liderança com um erro e a ultrapassagem de Button. Mais para frente, foi ultrapassado por Hamilton também. Mas terminou no pódio e é o vice-líder do campeonato, mostrando quase tanta perspicácia quanto Jenson Button.

FERNANDO ALONSO8,5 – Estou pegando demais no pé do espanhol. Dessa vez, dou uma colher de chá a ele. Assumiu a ponta na primeira curva após queimar a largada e acabou sendo punido. Além disso, foi prejudicado pela desastrada equipe de estratégia da Ferrari. Teve de fazer uma corrida de recuperação, e o fez com classe e competência, com direito a ultrapassagem sobre Felipe Massa na entrada dos boxes. Merecia o pódio.

ROBERT KUBICA8 – Mais uma grande corrida. Também arriscou a permanecer na pista úmida com pneus slicks e acabou pulando para terceiro ainda no início. Poderia ter subido ao pódio se o safety-car não tivesse entrado na pista na metade da prova, aproximando os rivais que vinham atrás. No fim, terminou em quinto e não ficou satisfeito. Grande fase.

SEBASTIAN VETTEL 5,5 – Dessa vez, discreto. Fez mais uma pole tranquila, mas perdeu a ponta já na primeira curva. Depois, foi prejudicado por uma péssimo trabalho da Red Bull nos pits e não conseguiu mais ficar entre os primeiros. Teve dificuldades, tomou uma ultrapassagem até certo ponto humilhante de Hamilton e quase bateu dentro dos pits com ele. O sexto lugar não foi tão mal assim, diante disso.

VITALY PETROV 8,5 – Dessa vez, ele terminou. E ainda por cima fez pontos. Seguiu Button, Rosberg e Kubica na estratégia dos pneus slicks e ficou boa parte da corrida em quarto. Acabou perdendo posições, mas estava mais rápido do que muita gente no final da corrida e fez boas ultrapassagens sobre Webber e Schumacher. A melhor atuação de um novato até aqui.

MARK WEBBER3,5 – Ainda mais discreto que seu companheiro, também foi prejudicado nos pits. Só apareceu quando foi colocado para fora da pista por Hamilton após o segundo safety-car e quando tomou uma ultrapassagem fácil de Petrov. Má fase.

FELIPE MASSA 4 – Chuva, definitivamente, não é com ele. Teve dificuldades durante toda a corrida e ainda tomou uma bizarra ultrapassagem de Alonso na entrada dos pits. De bom, apenas ter ultrapassado Schumacher no final. Mesmo assim, também teve dificuldades com ele.

MICHAEL SCHUMACHER 1 – Deu até dó. Muito lento durante todo o tempo, tomou ultrapassagens de um monte de gente e em momento algum demonstrou combatividade para segurar esta gente. Ainda tentou estratégias arriscadas na corrida ao ser sempre o primeiro a colocar slicks em momentos sem chuva, mas a má performance acabou atrapalhando.

ADRIAN SUTIL6 – Andou bem novamente, mas teve problemas com a estratégia. Esteve em posições pontuáveis durante boa parte da corrida, mas acabou tendo problemas na última parada e seus pneus se deterioraram rapidamente no final da corrida. Ao contrário de alguns pilotos à sua frente, merecia ter pontuado.

RUBENS BARRICHELLO2,5 – Já não estava lá em uma grande posição no começo da corrida. Ainda por cima, optou pelos pneus intermediários nas primeiras voltas e nunca mais conseguiu se recuperar. Foi outro que sempre era visto sendo ultrapassado pela patota.

JAIME ALGUERSUARI4 – Não vinha mal, mas também não estava chamando muito a atenção. Fez seis paradas, uma delas para colocar um bico novo, já que o seu antigo tinha sido danificado em um choque com um HRT, causando a entrada do safety-car pela segunda vez.

HEIKKI KOVALAINEN6,5 – Se estivesse em um carro minimamente mais competitivo, teria pontuado. Também permaneceu com slicks no começo da corrida, e esteve em posições de pontuação por algum tempo. Mas com o carro péssimo que tinha, não deu para segurar as posições no decorrer da prova.

NICO HÜLKENBERG 1,5 – Nunca fez nada de relevante a não ser parar seis vezes. Terminou atrás de um Lotus, o que definitivamente não pode ser considerado algo bom.

BRUNO SENNA5,5 – Levou seu inguiável HRT até o final da corrida pela segunda vez. Dessa vez, deu um chocolate em seu companheiro de equipe, terminando uma volta à sua frente (correção by Caio).

KARUN CHANDHOK 3 – Também levou o carro até o fim. Mas ficou uma (e não duas, como andam dizendo) volta atrás de Senna e quatro atrás do líder.  Desse jeito, não é tão difícil chegar ao fim.

JARNO TRULLI2,5 – Bateu seu companheiro na classificação, mas não chamou tanta atenção como ele na corrida. E mais uma vez saiu da prova com problemas hidráulicos.

LUCAS DI GRASSI2 – Não fez nada de mais durante todo o fim de semana. Teve problemas na largada e acabou largando muito depois do restante do grid para abandonar apenas oito voltas depois, com a embreagem quebrada.

PEDRO DE LA ROSA5 – Mal nos treinos, permaneceu no começo da corrida com slicks e chegou a ocupar uma ótima quarta posição. Mas o motor Ferrari quebrou pela milésima vez.

SEBASTIEN BUEMI 2,5 – Protagonizou a imagem mais impressionante do ano até aqui ao ter duas rodas voando longe do nada nos treinos de sexta-feira. Depois disso, não fez mais nada e ainda foi envolvido no acidente da primeira volta. Deve ir embora feliz da China por ter terminado o fim de semana inteiro.

KAMUI KOBAYASHI3 – É muito azarado. Andou bem melhor que De La Rosa na classificação, mas também foi colhido no acidente da largada. Não terminou uma corrida nesse ano até agora.

VITANTONIO LIUZZI1,5 – Largou lá no fundão do grid e rodou sozinho na primeira curva por problemas nos freios, levando embora Buemi e Kobayashi.

TIMO GLOCK0,5 – Não foi tão mal nos treinos, mas nem largou para a corrida por problemas no motor.

Uma fábrica chinesa da Nike. Seu tênis reluzente e caro saiu daí.

SHANGHAI: É o que eu chamo de circuito genérico: não é de baixa velocidade, não é de média velocidade, mas não é o circuito que todos encheriam a boca para dizer que é de alta. A melhor curva do circuito é aquela caracol lá do começo. O resto é absolutamente chato e dispensável. Enfim, não gosto. Talvez seja minha implicância com a terra de Confúcio. Deve chover nesse ano. No ano passado, choveu e a corrida foi de razoável para boa. Enfim, não tô esperando muito. 

FERRARI: Sabe aquele duto utilizado na frente do cockpit da McLaren que estaria ajudando os carros cromados nas retas? Pois é, a Ferrari copiou e irá utilizá-lo em apenas um carro, o de Fernando Alonso. Inovação na Fórmula 1 é isso: em um dia, é novidade; no outro, é regra.

MCLAREN: Falando na dita cuja, será que é a vez dela? Sebastian Vettel e Mark Webber, a dupla da melhor equipe da temporada até aqui, foram bastante cautelosos a respeito do favoritismo da Red Bull e citaram a McLaren. Joguinho psicológico para deixar jogar a pressão lá pelos lados de Woking? Ou será que o negócio é sério? De qualquer jeito, ainda aposto em Vettel.

SAUBER: Está empatada com a Virgin em termos de carros que chegaram ao fim nessas três corridas: apenas um, o de De La Rosa em Mélbourne. Porém, ao contrário da patota do Branson, a Sauber é uma equipe estabelecida há um bocado de tempo e fez a pré-temporada inteira. O próprio piloto espanhol já admitiu que o desempenho de Fevereiro era apenas mito. E sem dinheiro, não acho que a situação melhore. Para ser bem honesto, acho que será a equipe que mais perderá terreno até o fim do ano.

TERREMOTO: Faltando apenas três dias para o início das atividades, um violento terremoto devastou uma parte da região do Tibet, matando mais de 600 pessoas. O circuito de Shanghai fica a poucos milhares de quilômetros do epicentro, mas nada foi afetado. Só pergunto uma coisa: com que ânimo os chineses vão assistir à corrida? Chineses que, diga-se, normalmente já não têm lá muito ânimo pela Fórmula 1. As suntuosas arquibancadas de Shanghai costumam ficar vergonhosamente vazias. Deve ser o único lugar na China passível de ficar vazio…

Talvez, eu disse TALVEZ, não tenhamos 24 carros em Shanghai.

Má notícia? Não exatamente. Se trata de uma expansão. Alguém teria mandado seus contêineres para a China. Twittam o Stephane Samson.