Nelson Piquet Souto Maior. Sujeito cuzão, odiável, pernóstico, invejoso, arrogante, prepotente, antipático, insuportável, calculista, misantropo, desagradável, um verdadeiro filho da puta.

Um viva aos cuzões, odiáveis, pernósticos, invejosos, arrogantes, prepotentes, antipáticos, insuportáveis, calculistas, misantropos e desagradáveis. Outro viva aos verdadeiros filhos da puta. Porque o mundo já está de saco cheio de heróis, de bonzinhos, de criações de condomínio, de politiqueiros e dos falsos filhos da puta.

58 anos. E espero que venha mais por aí.

O automobilismo é um esporte no qual todo mundo só costuma prestar atenção na atuação individual do piloto, algo completamente errôneo. A “turma da cozinha”, que acompanha a corrida pela mesma televisão que você mas que tem tanta participação na vitória e na derrota quanto o próprio piloto, também merece ser lembrada. E alguns “chefs de cozinha”, também conhecidos como engenheiros, diretores técnicos, aerodinamicistas e denominações que os valham, marcaram tanto quanto os pilotos mais consagrados. Quem não se esquece de Colin Chapman e o pioneirismo de copiar idéias da aeronáutica e de outras categorias? Ou Gordon Murray e seus carros de perfil baixo? Ou Ross Brawn? E por aí vai.

O homenageado do Top Cinq de hoje é o maior especialista em aerodinâmica da Fórmula 1 atual, Adrian Newey. Atual projetista da Red Bull, Newey tem em seu currículo os carros das equipes campeãs das temporadas 1992, 1993, 1994, 1996, 1997 (embora ele já não estivesse mais na equipe campeã, o carro foi desenhado por ele) e 1998, além do título de pilotos de 1999. Mesmo com o jejum de títulos, seus bólidos nunca deixaram de estar em evidência. Conheça aqui cinco dos seus projetos mais emblemáticos para a Fórmula 1 em ordem decrescente de ano.

5- RED BULL RB6 (2010)

Este é o carro atual da equipe oficial das latinhas. Com ele, Sebastian Vettel e Mark Webber fizeram todas as seis poles até aqui, algumas delas com extrema folga, e venceram três corridas. Infelizmente, alguns azares e problemas impediram que a equipe vencesse mais. Mas é inegável que o melhor trabalho aerodinâmico da temporada 2010 é o da Red Bull.

À primeira vista, o carro se destaca pelo arrojado bico em formato V e pela bigorna copiada de outras equipes. Um trunfo que dizem ser mais importante, porém, é o uso da suspensão pull-rod (sistema no qual o braço da suspensão “puxaria” o conjunto de molas e amortecedores ao ser fixado diagonalmente entre a parte superior da roda e a parte inferior do chassi), que permitiu compactar a traseira do carro, aumentando a eficiência do difusor duplo.

4- MCLAREN MP4/20 (2005)

Ao meu ver, é o McLaren mais belo da década. Um carro de linhas agressivas que venceu dez corridas, fez oito pole-positions e deu o vice-campeonato a Kimi Raikkonen. Pela performance pura apresentada, porém, poderia ter sido campeão se não fossem as quebras recorrentes.

O MP4/20 era um alento para a equipe após os fracassados MP4/18 e MP4/19, que utilizavam uma parte dianteira bastante estreita. Neste carro de 2005, o bico foi alargado, a asa dianteira foi levantada, o difusor traseiro foi diminuído e a asa traseira foi empurrada para trás. Além disso, o carro ganhou “chifres” localizados na lateral superior que buscava captar o máximo de downforce possível dentro das já proibitivas regras da categoria. Dá para ver que o serviço foi bem-feito, já que o carro se destacava pela velocidade com o qual completava as curvas de alta.

3- MCLAREN MP4/14 (1999)

Muitos aqui reclamariam por eu não ter colocado o MP4/13 de 1998, o último McLaren a vencer o campeonato de pilotos e de construtores. Com todo o respeito a ele, acho o MP4/14 um carro ainda mais bonito e que, se não fosse os problemas de confiabilidade e das peças entre o volante e o banco, poderia ter dominado o campeonato de 1999 com extrema facilidade.

O MP4/14 fez nada menos que onze poles-positions e venceu sete corridas. E olha que 1999 foi um ano atípico, no qual tivemos treinos (Magnycours, Nürburgring) e corridas (Melbourne, Magnycours, Hockenheim, Nürburgring, Monza) completamente bagunçados. Pela lógica, deveria ter ido longe.

Este carro foi uma releitura aerodinâmica do já consagrado modelo anterior. Adrian Newey estava preocupado em aumentar ao máximo o downforce do carro, visto que o regulamento sancionado pela FIA em 1998, ao diminuir o tamanho dos pneus e estreitar as medidas laterias do carro, retirou boa parte da aderência dos carros de Fórmula 1. O destaque vai para o bico, o mais rebaixado entre os 11 modelos que competiram naquele ano. O restante do carro é bastante semelhante ao anterior, com linhas menos “carregadas” que os concorrentes.

2- WILLIAMS FW14B (1992)

Dá para considerá-lo, sem medo de errar, o melhor carro da década. A alcunha de “carro de outro planeta”, dada por Ayrton Senna no início da temporada de 1992, é bastante válida. O que mais dizer de um carro que venceu 10 das 16 corridas e obteve o absurdo de 15 das 16 poles-positions possíveis daquele ano?

O FW14B era uma atualização do FW14, o carro mais competitivo da Fórmula 1 em boa parte da temporada de 1991. Não havia pontos fracos no carro. O motor Renault V10, alimentado por uma excelente gasolina Elf, já era o mais potente da Fórmula 1 e os aparatos tecnológicos, como o câmbio semiautomático, o controle de tração, os freios ABS e, acima de tudo, a suspensão ativa, formavam o pacote que engoliria a temporada de 1992.

Adrian Newey se manteve fiel a alguns de seus princípios trazidos da March, como o bico curvilíneo voltado para baixo convergindo com uma asa dianteira que era mais alta que nos carros concorrentes. O carro possuía aparência compacta e harmônica, exatamente do jeito que Adrian gostava. O downforce gerado pelo aparato aerodinâmico somado com a suspensão ativa em curvas de alta era tão grande que o próprio Riccardo Patrese, um dos pilotos da equipe naquele ano, chegou a reclamar do extremo desconforto que o FW14B causava ao atingir velocidades tão altas.

1- MARCH 881 (1988)

Esse é um de meus carros favoritos de todos os tempos. E é o mais fundamental para entender a cabeça e a carreira de Adrian Newey.

Em 1988, a March era uma equipe pequena e não muito endinheirada, mas bastante competente. O então jovem Adrian Newey comandava o projeto do 881, um carro completamente diferente de qualquer outro do extenso grid daquele ano.

Enquanto as equipes de ponta se preocupavam com a transição dos motores turbo para os aspirados ao mesmo tempo em que apostavam em projetos conservadores de chassis (a McLaren utilizava com perfeição uma idéia surgida na Brabham dois anos antes, enquanto que Ferrari e Lotus usavam chassis bastante parecidos com os anteriores), a March aproveitou o fato de ter no Judd V8 um motor relativamente fraco porém compacto e maleável e concentrou todas as suas atenções no carro.

Desenvolvido com base no March 871 do ano anterior, o 881 era um carro que inspiraria boa parte dos bólidos de Fórmula 1 do início dos anos 90. A entrada de ar, localizada sobre a cabeça do piloto, era combinada com o santantônio, design que se tornaria o padrão da categoria a partir daí. O bico do carro, assim como no Williams FW14B, era curvilíneo para baixo e culminava em uma asa dianteria alta, algo inédito na Fórmula 1. Além disso, o habitáculo do piloto foi reduzido ao máximo para compactar o carro. O downforce gerado era o maior entre todos os bólidos da Fórmula 1.

Infelizmente, o carro tinha vários problemas. O motor atmosférico, com 640cv, não era páreo para os motores turbo nas pistas de alta. O conjunto de suspensão era bastante precário, o que resultou em um problema crônico para tracionar o carro na saída de curvas de baixa. Além disso, a falta de dinheiro era crônica: Newey quis desenvolver lá o primeiro câmbio semiautomático da história da categoria, mas não foi possível.

De qualquer modo, o March deu canseira às equipes de ponta, obtendo feitos históricos como o segundo lugar no Grande Prêmio de Portugal e a liderança por alguns metros no Grande Prêmio do Japão, ambos realizados pelo italiano Ivan Capelli.

 

MÔNACO: É uma quase unanimidade. Quase porque eu não gosto, mas tudo bem. O circuito é datado de 1929 e realiza corridas de Fórmula 1 desde o primeiro ano da categoria. Já consagrou nomes como Senna, Graham Hill e Schumacher, além de outros menos cotados como Panis, Trulli e Beltoise. Alguns trechos, como a Saint Devote, o túnel e a Loews, são dos mais famosos do automobilismo mundial. Além disso, a elite européia costuma dar um pulo por lá no verão para exibir seus Mercedes e suas roupas Armani. Mal comparando, é a Ilha de Caras da Fórmula 1. Minha repulsa por Montecarlo deve existir por causa dessa breguice. É, deve ser.

Q1: A cruzada contra as equipes novatas continua em Mônaco. A idéia de Bruno Senna fez coro e, se não fosse o veto da Lotus, teríamos um bizarríssimo sistema no qual apenas ela, Virgin e HRT andariam na primeira parte do treino de classificação. Seriam café-com-leite, em suma. Uma idéia completamente tétrica que só poderia surgir em uma época no qual todo mundo se estarrece com qualquer aumento no número de carros.

WILLIAMS: Não seria no principado que a equipe estrearia um novo pacote de mudanças em seu carro? A conferir. Rubens Barrichello carregou seu carro nas costas em Barcelona. Como o brasileiro costuma andar bem em Mônaco, espero algo melhor dele, assim como espero sentado a primeira boa corrida de Nico Hülkenberg na Fórmula 1.

MASSA: O povo enche demais o saco. Agora, andam falando que ele irá para a Red Bull no próximo ano. Duvido. Assim como duvido que haja algo errado com o pai do Felipinho. O F10 é um carro mediano e Fernando Alonso, que é bicampeão do mundo, não está fazendo tanto a mais do que Massa. Teve, sim, bastante sorte e prudência em Barcelona. Felipe não tem um grande retrospecto de resultados em Montecarlo. Conseguiu ir muito bem em 2004 devido aos problemas dos carros da frente e liderou a corrida de 2008, mas não me lembro de nada muito além disso. Se a sequência ruim dos resultados por lá continuar na edição desse ano, a encheção de saco na segunda-feira vai ficar pior.

CHUVA: 40% de chances no dia da corrida em Mônaco. Espero que venha, embora não confie nem um pouco nos 40%. Mônaco sem chuva é chatíssimo. Aliás, durmam com essa: existe uma sequência de corridas a cada 12 anos em que chove uma barbaridade desde 1972. Tivemos pista encharcada em 1972, 1984, 1996 e 2008. Se não me engano, 1982 e 1997 foram exceções. Se a sequência seguir, só daqui a dez anos.

AT&T WILLIAMS


Moda na atual Fórmula 1 é elogiar a Williams. É quase cult fazer isso. Todos adoram louvar os grandes (e eles são impressionantes, de fato) feitos da intrépida dupla Frank Williams e Patrick Head, mesmo sabendo que o último título da equipe foi obtido apenas em 1997. Mas já que é assim, que seja. Desde o fim da parceria com a BMW, a Williams vem sofrendo com a falta de um motor forte de fábrica e de dinheiro. Porém, consegue sempre alguns pontinhos que fazem regozijar-se os fãs mais tradicionais. A esperança que ela volte a ser grande sempre existe.

Sediada em Grove, UK
9 títulos de construtores
534 corridas
113 vitórias
125 poles-positions
2600 pontos

9- RUBENS BARRICHELLO

Essa é a imagem de Barrichello para boa parte dos brasileiros. Uma parte da culpa por isso é dele, claro

Assim como Schumacher, é outra figurinha polêmica. Desprezado pelo grande público e até mesmo por parte da mídia, Barrichello é aquele indivíduo que chega na sua 17ª temporada acreditando que, nesse ano, dá! Suas declarações transparecem uma falta de maturidade combinada com uma baixíssima auto-estima e uma pitada de falta de inteligência. Uma imagem criada por ele que soa quase como maldade própria, ao meu ver. Rubens é um exímio piloto, especialista em corridas chuvosas e excelente acertador de carros. Depois de quase ser defenestrado da F1 e de renascer na Brawn, tentará levará sua experiência, sua velocidade e sua choradeira para a Williams.

Brasileiro, de São Paulo, nascido em 23 de Maio de 1972
Vice-campeão de F1 em 2002 e 2004
284 GPs disputados
11 vitórias
14 poles-positions
607 pontos
Campeão da F3 inglesa em 1991 e da F-Opel européia em 1990

10- NICO HÜLKENBERG

A vida dele, até ontem, foi assim. E a partir de hoje?

Ele é branquelo, alemão, seu nome é Nico, possui um título na GP2 e tem sua temporada de estréia pela Williams. E não estamos falando do Rosberg! Nico Hülkenberg (aprendam comigo: RIUQUENBERG, e não RULQUENBERG) é o estreante com melhor currículo da F1 nos últimos anos: títulos na F3 Européia, A1, F-BMW e, ufa, GP2. Empresariado por Willy Weber, tem tudo para chegar às cabeças. Não há muito o que se falar dele ainda. Os jornalistas dizem se tratar de uma figura pernóstica. É uma aposta pessoal desse blog para o futuro.

Alemão, de Emmerich, nascido em 19 de Agosto de 1987
Estreante
Campeão da GP2 em 2009, da F3 européia em 2008, da A1 GP em 2007 e da F-BMW ADAC em 2005