GP DO JAPÃO: Vou te dizeruma coisa. Hoje em dia, só há um circuito que me parece desafiador e perigoso o suficiente para fazer um piloto relutar em acelerar mais ou frear menos em determinada curva. Não, não me refiro a Spa-Francorchamps, que nem anda proporcionando tantos desafios assim. Suzuka é uma das pistas mais temerárias do planeta. Anda-se muito rápido por lá e as pancadas são sempre fortes, dessas que doem até em nós. Antigamente, o GP do Japão era um dos mais esperados por duas razões em especial. Além de ter sido uma das poucas corridas noturnas durante um bom tempo, a prova costumava definir os títulos mundiais até alguns anos atrás – Ayrton Senna, por exemplo, confirmou seus três títulos no arquipélago. Infelizmente, após ter sido trocada por Fuji durante dois anos, Suzuka nunca mais conseguiu ter uma boa corrida, graças à dificuldade de se ultrapassar por lá. E os fãs mais novos tendem a achar até mesmo que a lendária pista japonesa é ruim e deveria sair do calendário. Considerando que alguns desses fãs mais novos devem ter ido ver o show do Justin Bieber ontem, creio que a criançada, por princípio, está errada.
RADIOATIVIDADE: Em 1986, o Grande Prêmio da Ucrânia, que seria sediado nas ruas de Kiev, foi cancelado graças à explosão do reator quatro da Usina de Chernobyl (pronuncia-se “tchernóbil”). Mentira, a Fórmula 1 nunca sequer sonhou em correr na Ucrânia, o que nos priva de contemplar algumas das melhores grid-girls do mundo. Em compensação, o Japão vive sob constante estado de alerta graças ao sério vazamento nuclear proveniente da usina de Fukushima, danificada após o terremoto seguido de tsunami no início do ano. Os europeus, temendo a assustadora possibilidade de orelhas nascendo na bunda, estão tomando todas as precauções necessárias, e mais algumas. O jornal alemão Bild am Sonntag afirmou que a Red Bull Racing está levando comida da Europa e também está orientando aos seus funcionários para que não inventem de comer nada diferente daquilo que a equipe está levando. A própria Red Bull desmentiu que estava fazendo isso, mas eu não duvidaria. Se considerarmos que, quando a MotoGP esteve em Motegi, Jorge Lorenzo só tomou banho com água engarrafada e Dani Pedrosa jogou todas as suas roupas fora, a sempre paranoica Fórmula 1 não poderia ficar atrás no excesso de cuidados.
UM: Um ponto. Nas próximas cinco corridas, Sebastian Vettel precisará de um único e estúpido ponto para ser bicampeão. Para perder o título, Sebastian teria de deixar de marcar pontos em todas as etapas daqui em diante e o inglês Jenson Button teria de vencer todas as corridas até o final. Portanto, é mais fácil nascer um pé de rabanete em plena Avenida Paulista. Só para desanimar mais um pouco o playboy da McLaren, a última vez que Vettel terminou fora dos pontos foi na Bélgica no ano passado, quando ele cruzou a linha de chegada em 15º após se envolver em um choque com o mesmíssimo Button. Fora isso, ele finalizou o GP da França de 2008 em 12º. Seu último abandono foi um motor estourado na Coréia do Sul no final do ano passado enquanto liderava. Quer dizer, nem Chris Amon conseguiria perder este título.
RÄIKKÖNEN: Pelo visto, a grande carta na manga da decadente Williams é Kimi Räikkönen. Sem lenço nem documento, a equipe de Rubens Barrichello e Pastor Maldonado sonha com o finlandês que se sagrou campeão do mundo em 2007 para atrair os petrodólares do Banco Nacional do Catar, que aceitaria conceder patrocínio caso Kimi seja um dos pilotos. Frank Williams, que foi o primeiro do paddock a estabelecer contato com os árabes no fim dos anos 70 e que chegou a aprender um pouco da língua deles para facilitar a comunicação, pensa em repetir a trajetória com o minúsculo país do Golfo Pérsico. Com isso, quem dançaria seria Rubens Barrichello, que custa caro e que não está trazendo resultados muito melhores do que o lucrativo Pastor Maldonado. Kimi, além da insígnia de campeão do mundo, poderia até fazer o papel do brasileiro com mais competência. Não é o que Rubens, que disse que ninguém faria um papel melhor que o dele, acha. Eu não sei. Barrichello pode até um ser bom ativo para a Williams, mas seria burrice para a equipe dispensar um pacote que inclui um campeão do mundo e um banco abastado. Isso se, é claro, o boato tiver fundamento.
BUTTON: Mas essecara tem tanta moral, mas tanta moral, que a McLaren decidiu renovar seu contrato até 2016. É incrível. Lewis Hamilton, o piloto preferido da armada prateada até duas horas atrás, não tem um contrato tão longo assim. Pode ser um sinal de que seu império romano particular esteja começando a ruir. Falemos de Button, pois. Este é um cara que concentrou a sorte de meio planeta em um único organismo. Além de muito rico, muito gente boa e muitíssimo bem acompanhado, Jenson conseguiu afastar de si o papel de Sancho Pança e cativou espaço próprio na McLaren. Nesse momento, é ele quem tem chances imaginárias de título. Com tantas qualidades assim, não é de se assustar que a equipe apareça com um contrato trilionário e de longuíssima duração. Assim, até a Hispania.
6 de outubro de 2011 at 19:50
ótimos Comentários!
6 de outubro de 2011 at 19:58
Uma das coisas que mais gosto em Suzuka são aqueles Esses no setor 1.No PS,eu e meus colegas jogamos nessa pista.Eles não conseguem fazer esses Esses sem dar uma escapadinha.Só eu consigo fazer essas curvas razoavelmente bem.
6 de outubro de 2011 at 21:51
Parece que Hamilton deixou de ser o futuro da equipe e se tornou uma dúvida. Sorte do Button.
6 de outubro de 2011 at 23:28
GP noturno na Suzuka das atingas???
Explica esse negócio aí.
Não sei se o Raikkonen é uma boa opção.
Ele nunca liderou uma equipe e é mais desmotivante que mulher feia.
O Maldonado tem dois neurônios…
Será que é a dupla ideal para tirar a Williams do buraco??
7 de outubro de 2011 at 10:01
Acho que Suzuka é minha pista favorita, junto com Interlagos e Spa. Dia desses tava jogando Gran Turismo e passei umas 3 horas andando pela pista numa das provas de Endurance que o jogo tem. Sensacional o risco que você corre.
Uma coisa que eu aprendi na minha curta vida é que dinheiro no bolso vale MUITO. Barrichello é gente fina, experiente, tem uma regularidade monstruosa (no sentido de que ele nunca sai do fim da fila) etc, etc, etc. Mas o cacau do Raikkönen é muito grande (no pun intended) pro Frank Williams rejeitar.
7 de outubro de 2011 at 15:40
Ótimos comentários, Verde, não sei como ainda consigo me surpreender…
7 de outubro de 2011 at 22:12
muito bom esse texto, Verde, as usual.
uma coisa que tenho pensado sobre a situação do Barrichello é que o principal atributo dele agora, a experiência (aliada à capacidade técnica que sempre teve) talvez venha tendo a importância diminuída pela evolução da engenharia de projetos na F1, que não parou de avançar, em especial depois que os longos testes foram banidos.
assim, sabendo que costuma ter um salário cabeludo seja aonde tiver ido depois que deixou a Ferrari, se abre a possibilidade de oferecer esse mesmo salário a um prematuramente inativo, mas velocíssimo, Raikkonenn.
aliás gosto muito da idéia de ver o finlandês de volta, embora eu pense que vá penar não só pelo carro em si, mas pela ausência de um par de anos.
e outra idéia que me agrada é ver Hamilton se encher o saco da McLaren e ir procurar outra equipe – uma das grandes, de preferência.