A falta de assunto é tremenda. Assim como a falta de momentum. Pensei em escrever um tópico explicando minha simpatia com pilotos como Nelson Piquet, mas eis que a Veja revela que o tricampeão está envolvido naquele megaesquema de lavagem de dinheiro da Federação Cearense de Automobilismo. E o caso é que, a partir de agora, pega mal elogiar o Nelsão, um sujeito que tinha reputação ilibada até a publicação da revista. Pois é.
Então, sem grandes novidades ou polêmicas para turbinar o número de visitas do site, vou comentar sobre o que apareceu por aí nos últimos dias. Incluindo, é claro, o pepino do Piquet.
Eu sempre achei que havia um Nelson Piquet sério e íntegro por trás das brincadeiras e das malandragens. Sou do tipo que desconfia mais de um Ayrton Senna, todo certinho e cumpridor das leis, do que de alguém que chuta o balde e vira a bunda para as convenções. Pois eu deveria ser ainda mais desconfiado e duvidar de todos. Se a família Senna já esteve envolvida em um escândalo ligado a casos de escravidão nas fazendas da família, os Piquet constam na lista de envolvidos nas tramoias da Federação Cearense de Automobilismo. Além deles, nomes como Xandy Negrão (pois é…), Diego Nunes (esse não acerta uma) e Hybernon Cysne (é de processar o cartório) também teriam participado das tais tramoias. Mas que tramoias são essas?
Alguns dias atrás, a Polícia Federal montou uma operação, a “Podium”, que tentava entender o que se passava com as contas da Federação Cearense de Automobilismo (FCA). Segundo averiguação da Receita Federal, nada menos que 51 milhões de reais circularam pelos cofres da federação entre 2004 e 2008. Para se ter uma ideia, a Federação Paulista, incontestavelmente a maior do país, registrou cifras cinco vezes menores no mesmo período. Os notáveis do Leão, que não entendem picas de automobilismo mas que sabem como ninguém detectar distorções contábeis, perceberam que havia algo de errado. E havia, é claro. A FCA recebia dinheiro vindo de propinas e sonegações e, algum tempo depois, devolvia a grana aos mesmos doadores. E Nelson Piquet, por meio da Autotrac, seria um desses doadores.
Nelson mandou 2,7 milhões de reais à FCA entre 2005 e 2008. A federação devolveu cerca de 20% desse montante. O argumento? “Tenho boas relações com os cearenses”, disse Piquet à Veja. Pelo visto, as relações são realmente ótimas. Diego Nunes, piloto da Stock Car, mandou 8,3 milhões de reais à federação, que retornou 7,8 milhões no período em que disputou a GP2. Xandy Negrão, ex-piloto, pai de piloto e dono da Medley Genéricos, mandou quantia não especificada a Hybernon Cysne. Este, por sua vez, era o presidente da FCA e atuava como lobista e lavador de dinheiro. Só sujeira. E o curioso é que o esquema aparenta ter beneficiado três pilotos que competiam na GP2. O jornalista Flávio Gomes, em certa ocasião, disse que a Fórmula 3000 em seus últimos anos só tinha equipes sem patrocinadores e apenas esquemas ilegais poderiam explicar a existência dessas equipes. Eu acho que seria interessante dar uma averiguada na origem da grana dessa turma que corre nas categorias de base. Se gritar “pega, ladrão”, será que tem gente que molha as calças?
Senna, Piquet… Se descobrirem algo relacionado ao Emerson (ao Emerson!) ou à sua família, aí, sim, é caso pra rever se a humanidade tem solução.
Mas ainda bem que apenas 80% das coisas da vida são obscuras e ilegais. A Chip Ganassi ficou mordida de raiva com a petulância da Penske em anunciar uma saraivada de patrocinadores e anunciou que colocará nada menos que quatro carros no grid! Além dos intocáveis Scott Dixon e Dario Franchitti, a equipe anunciou Graham Rahal e Charlie Kimball nos demais carros. Graham Rahal. Sempre o achei superestimado. 2011 será o ano da verdade. E, verdade seja dita, o Kimball só conseguiu chegar a esse patamar porque é o único piloto diabético (tipo 2) do automobilismo de ponta e isso gera possibilidades enormes de marketing. De qualquer jeito, boa sorte para os dois. E que a Ganassi não vire uma Andretti da vida, perdida no meio de tantos carros.
Paris Hilton, patricinha profissional, anunciou, neste final de semana, a criação de uma equipe nas 125cc, a categoria mais baixa do Mundial de Motovelocidade. Com o espalhafatoso nome de SuperMartxé VIP by Paris Hilton, a equipe terá sede na Espanha e utilizará duas Aprilla RSA, que serão pilotadas pelos espanhóis Sergio Gadea e Maverick Viñales. SuperMartxé VIP é o nome de uma das músicas da socialite. Que me perdoem os dois jovens espanhóis, mas correr nessa moto rosada aí é uma tremenda de uma falta de amor próprio. Acabei de encontrar o tal clipe no Youtube. A música é, de fato, lamentável. Se a moda pega, sugiro a criação da Knights of Cydonia Racing.
Ninguém segura a Lotus. A marca, que reapareceu de vez na Fórmula 1 e ainda colocou seus tentáculos na Indy e na GP2, quer fabricar seus próprios motores para sua equipe na categoria principal do automobilismo europeu. Com um novo regulamento a ser posto em vigência em 2013, os motores passarão a ter apenas quatro cilindros, 1600cc de capacidade cúbica e giros limitados a 12 mil rotações por minuto. Não serão caros de se produzir, portanto. E a Lotus quer dominar o mundo. Mas não consegue dominar nem mesmo o uso de seu nome. Difícil, hein?
E Luca di Montezemolo voltou a abrir a boca para soltar umas merdas irresponsáveis. Ele, que está se candidatando ao cargo de primeiro-ministro da Itália como independente, atacou novamente as equipes novatas, dizendo que “é melhor ter um terceiro carro de uma equipe competitiva do que equipes que não conseguiriam andar direito nem mesmo na GP2”. Obcecado com a ideia do terceiro carro, ele também sugeriu a parceria da Ferrari com uma grande equipe americana, como a Penske ou a Chip Ganassi. E ainda teceu alguns comentários sobre Felipe Massa, o mais ácido sendo algo como “em alguns momentos nesse ano, Felipe se encheu e deixou seu irmão correndo no lugar”. Eu espero que Montezemolo se torne o primeiro-ministro da Itália a partir do ano que vem. É um canalha a menos na Fórmula 1. E um a mais na política italiana, mas os italianos já estão mais acostumados.
O promotor do Grande Prêmio da Rússia, o honorável Andrey Kraynik, garantiu que a pista de Sochi será clássica e terá ênfase em boas chances de ultrapassagens, “vindo para ser adorada pelos fãs de Montreal e para ser desafiadora aos pilotos, como Mônaco”. Otimista, o Kraynik. A Rússia é, de fato, um lugar adorável. Suas batatas, suas prostitutas, sua Transiberiana, seus mafiosos bilionários e seu petróleo interminável dão um charme especial ao maior país do mundo em território. É uma pena, no entanto, que sua corrida possa ser adiada por um ano. É que 2014, o ano previsto para a estreia da corrida, é também o ano das Olimpíadas de Inverno da Rússia. E ter dois grandes eventos esportivos em um ano só parece demais para os pobres soviéticos. Posterga-se a corrida por um ano, pois. Sei, não. Dependendo do traçado, eles poderão postergar à vontade.
E termino falando do tal Desafio de Kart promovido pelo Felipe Massa. Lucas di Grassi foi o campeão, mas quem chamou a atenção foi a Bia Figueiredo, que ultrapassou meio mundo na segunda bateria e ganhou a corrida de maneira notável. E Marcos Pasquim? O ator global só participou da primeira corrida. Teve problemas, saiu da pista e ficou em último durante quase todo o tempo. Mas e daí? Ele não é profissional e só estava lá se divertindo e promovendo a próxima novela das sete. No mais, nem vi a corrida. Vou procurar um VT em algum lugar.
Marcos Pasquim, lavagem de dinheiro, Paris Hilton… estas são as últimas do ano. Em 2011, receitas de bolo e comentários sobre os últimos capítulos de Passione.
20 de dezembro de 2010 at 14:16
Pelo que Bia fez nas edições anteriores, bem como em sua carreira, só uma coisa justifica o resultado: seu kart estava tremendamente mais rápido que dos outros competidores. Quem viu a corrida vai concordar comigo, nem o Schumi teria feito aquilo só no braço
20 de dezembro de 2010 at 19:20
a) Quanto a Piquet e Senna:
Todos nós – basta estarmos vivos – estamos sujeitos a alguma escorregadela, a fazer alguma besteira… pra isso é que devemos ser “vigilantes” 48 horas por dia (rsrsrs)…
A besteira que o Piquet fez (ou teria feito) não invalida, em nada, os seus feitos nas pistas…
Ayrton Senna morreu em 1994. Se estivesse ainda vivo, qual teria sido a besteira em que ele estaria metido? Ele também era humano…
b) Quanto ao desejo de dominar o mundo pela Lotus:
Quem é o Pinky e quem é o Cérebro?
Pinky – Paris Hilton??
Cérebro – Danny Bahar?? (é Danny mesmo, né?)
Só falta Bahar chamar a Paris Hilton para a equipe, e aí a dupla estrá formada…
Pois é! Estamos no “olho” da SILLY SEASON!!!!
um abraço!
Feliz festas, natal, ano novo ou o que você festejar…
20 de dezembro de 2010 at 21:10
Boa matéria, como sempre.
Não peguei a Veja ainda pra ler essa matéria sobre o piquet, bom que tu me informou antes que um meio impresso, hehe.
Parabéns.
20 de dezembro de 2010 at 21:17
Bia Figueiredo humilharia gente do naipe de Jenson Button, Hamilton, Nelsinho, etc.
se bem que minha vó numa cadeira de rodas humilhava o Nelsinho.
20 de dezembro de 2010 at 21:23
Eu gostei do clipe da Paris Hilton.
Po,a mulher aparece semi-nua e eu não vou gostar???
Me decepcionei com o Piquet.
Como é que um dos meu ídolos faz uma merda dessa??
Ah.Mas quer saber?
Todo mundo faz merda nesse país.
Deixa o Nelsão roubar o dele…
É sacanagem.
Por ser Nelson Piquet,tem muitos motivos para não fazer essas bobagens.
Cara,eu já não gosto muito de novelas,Faustão,Fazenda,Globo,etc…
Mas o Marcus Pasquim extrapola.
Odeio esse cara tanto quanto Bernie Ecclestone
Valeu.
Boas festas.
Seu blog está muito bom.
Está no meu “Top Cinq”,com certeza.
21 de dezembro de 2010 at 9:32
O problema nem é o clipe, mas a música. O ideal é desligar o som, heh.