Iago fez dezoito anos hoje. Seu nome é um desses que os pais modernos tanto gostam. Modernos. Nosso aniversariante é um típico representante desta nova geração que já nasceu ligada a um computador conectado ao resto do planeta. Iago é garoto saudável, cheio de amigos na vida real e principalmente na vida virtual, dono de um tablet, morador de um confortável e hermético condomínio fechado, acostumado a baixar músicas dos seus rappers favoritos, fã de House e Angry Birds. Cresceu em uma época sossegada, sem muros germânicos, moedas instáveis e telefonia estatal.
Iago fez dezoitão hoje. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, acabou de se tornar um adulto. Que gracinha. A partir de hoje, é um homem de direitos e deveres. Pode abrir empresas, sair do país sem pedir permissão para papai e mamãe e dirigir. Em contrapartida, deve votar e cumprir a lei, pois agora é um sujeito imputável. Não é absurdo dizer que sua vida de verdade começou agora.
Estranho é pensar em quando tudo isso começou. Iago nasceu no dia 1 de maio de 1994. Naquele dia, sua mãe estava presa a uma cama de maternidade com a televisão ligada. Na Rede Globo, é claro. É muito raro encontrar uma televisão em local público que não esteja na Globo. Às nove da manhã, a emissora carioca estava transmitindo ao vivo o Grande Prêmio de San Marino, terceira etapa da temporada de Fórmula 1 de 1994. Ayrton Senna tinha largado na pole-position.
A mãe de Iago era uma dessas muitas mulheres brasileiras que nunca se interessaram em Fórmula 1 e nem sabem para que serve uma embreagem, mas que gostavam de ver Ayrton Senna em ação. Senna não era apenas um exímio piloto de carros, mas uma febre, um fenômeno, um acontecimento sociológico. Em uma época na qual o Brasil era apenas um enorme produtor de bananas, sambistas e problemas, Ayrton era talvez o único que pudesse associar o país a alguma coisa boa. Isso, convenhamos, não é pouca coisa.
Iago nasceu em um dia particularmente difícil. Senna, o líder, bateu sozinho na temida curva Tamburello, a mais veloz do circuito de Imola. Um braço de suspensão atravessou sua testa como um tiro de rifle. O tricampeão brasileiro morreu na hora, dentro de seu Williams destroçado. Somente um idiota acreditaria que um sujeito cuja cabeça derramava pedaços cerebrais diluídos em sangue teria chegado vivo ao Ospedale Maggiore di Bologna.
Iago nasceu ali, em meio a prantos e desespero. Sim, Senna era um sujeito que despertava as emoções mais fortes de cada um, sejam elas boas, ruins ou sufocantes. Até mesmo a mãe, que tinha acabado de colocar ao mundo sua melhor obra, deixava escorrer uma ou outra lágrima enquanto acompanhava os desdobramentos do fim de seu ídolo. Cirurgiões, enfermeiros e transeuntes da maternidade estavam desolados, perdidos, funcionando apenas no piloto automático, pensando no que seria do Brasil sem Ayrton. E havia também o pai de Iago.
O pai de Iago era um desses que cresceram e se criaram lá no fim dos sessenta. Aprendeu com seu pai, ou com o tio barrigudo, que havia um cara com costeletas exageradas que representava muito bem o Brasil, onde todos deveriam amá-lo ou deixá-lo, nas corridas de carro ao redor do mundo. Não demorou muito e o pai de Iago virou fã de Emerson Fittipaldi. Acompanhava em uma modesta TV de madeira da Telefunken os triunfos daquele que pôs a pátria de chuteiras em um espaço então reservado aos europeus. Depois de Emerson, veio Piquet. Não muito depois, Ayrton Senna virou sua religião. Nos domingos de manhã, o altar era montado naquela TV Sharp sem controle remoto, mas com o som e as cores da vitória. O púlpito era ambulante. Suzuka, Mônaco, Estoril e por aí vai.
Iago nasceu ao mesmo tempo em que Ayrton partiu. Era demais para um homem que tinha no primeiro seu sonho e no segundo sua inspiração. Ao mesmo tempo em que se maravilhava com a chegada do filho, o pai não conseguia esconder a dor e o desespero da perda de seu herói. Emotivo, como são todos os latinos, pensou em homenagear o tricampeão brasileiro dando ao filho o nome de Ayrton. Quantos Ayrtons não surgiram naqueles dias subsequentes? Mas o nosso garoto virou Iago, mesmo.
Dezoito anos se passaram de lá para cá. Hoje, Iago é apenas mais um jovem de classe média que tem a mesma cabeça vazia e a mesma falta de ideais de qualquer outro. O pai de Iago chorou e lamuriou, mas superou o ocorrido e voltou à vida normal. Amadureceu um pouco. Descobriu que o Brasil não era um país melhor ou pior por ter um piloto mais habilidoso que os demais. Descobriu que nunca haveria um outro Ayrton Senna, até porque todos somos estranhos ímpares. Descobriu que não dava para depositar o mesmo nível de exigência nos outros pilotos brasileiros que viriam por aí. Descobriu até mesmo que não precisava mais da Fórmula 1.
A mãe de Iago continuou sem saber para que servia uma embreagem. Comoveu-se dramaticamente com a morte de Ayrton Senna da mesma forma que verteu lágrimas pelo passamento de políticos, artistas e anônimos exaustivamente explorados na televisão. Depois dos choques, ela sempre retornava à sua vida comum de mãe, esposa e mulher. A Fórmula 1, para ela, significava apenas um esporte perigoso que só serviu para levar embora o maior ídolo que o Brasil já teve.
Uma coisa que acho bastante interessante destas novas gerações é a persistente sensação de desinteresse. Os jovens não leem, não discutem, não refletem, não reverenciam o passado, não analisam o presente e não preparam o futuro. Não costumam se apegar a coisas, a assuntos, a ideias, a simbolismos. Torcem para um time de futebol, mas sequer sabem recitar os jogadores de seu time ou os títulos obtidos no passado. Não sabem em quem votar, nem o porquê. Não conhecem uma vírgula da história de seu país. Para eles, e Iago certamente se enquadra nestas características, Ayrton Senna é apenas mais um fóssil. No mesmo patamar temporal de Tiradentes ou Visconde de Mauá, por exemplo.
Não tenho intenção de falar sobre o piloto ou a pessoa Ayrton Senna aqui. Textos sobre sua vida, sua morte, poles, vitórias, mulheres que levou para a cama, picuinhas e filosofias existem às pencas por aí. Estou longe de ser seu maior admirador. Sua personalidade por demais conservadora e workaholic definitivamente bate de frente com aquilo que admiro. Que ninguém venha me encher o saco por isso. O ponto do artigo é outro.
Desde 1995, o primeiro dia de maio é reservado às homenagens a Ayrton Senna. Nos primeiros anos, a comoção era muito mais intensa. As pessoas seguiam aos montes ao Cemitério do Morumbi para chorar, rezar e deixar flores. Os programas de televisão comentavam sobre tudo aquilo que todos já sabiam, as grandes vitórias, os títulos, os inimigos, as preocupações sociais. Faz um ano, né? Parece que foi ontem. Que saudade dele!
Como era de se esperar, as homenagens arrefeceram com o passar do tempo. Após alguns anos, as efemérides exploradas pela mídia haviam perdido o sentido. Por que relembrar uma morte ocorrida há sete anos, por exemplo? O fenômeno Ayrton Senna havia ficado definitivamente para trás. Cada vez menos gente associava o Dia do Trabalho a uma data trágica.
Hoje, passados quase vinte anos, chega a me causar estranhamento o fato de existir uma enorme geração que nunca o tenha visto correr. Não deveria me sentir assim, pois é óbvio que todos os que vieram e virão após Senna só terão contato com ele por meio da história. Mas não deixa de ser um pouco incômodo para aqueles que o viram, e isso me inclui. Sim, apesar de ter apenas 23 anos, eu pude ver Ayrton correr. Por incrível que pareça, tenho boas memórias de seus últimos anos. Portanto, faço parte dos privilegiados.
Mais interessante ainda é visualizar as diferenças de importância que cada um dá a Ayrton Senna. A turma que possui mais de 25 anos de idade não consegue digerir uma crítica ao tricampeão sem um certo destempero. Ressaltar um lado negativo dele é quase como xingar a mãe, inaceitável e digno de uma réplica mal-educada. Por outro lado, os que ainda não completaram duas décadas de vida ignoram a magnitude do nome Ayrton Senna no Brasil. Não sabem o que um piloto de corridas pôde causar em uma população que já se aproximava dos 150 milhões de habitantes. De um lado, o fanatismo. Do outro, a indiferença.
Esse negócio de Ayrton Senna poderia dar um belo estudo psicológico, antropológico ou sociológico. Poucos foram os indivíduos que conseguiram mobilizar um país inteiro para acompanhar um esporte elitista e completamente distante da realidade. Poucos foram capazes de fazer um povo se orgulhar de seu país numa época de presidentes desastrosos, planos econômicos desvairados, democracia nascente e futebol medíocre. Gostemos ou não, devemos admitir: o fenômeno existiu e foi avassalador.
Ayrton Senna sempre dividiu as pessoas entre os adoradores, a maioria, e os detratores. Em mesas de boteco, com incontáveis garrafas de cerveja pilsen e gordurosas coxinhas de frango, amigos trocavam farpas e bravatas por causa do piloto. Os fãs de Nelson Piquet se recusavam a torcer por um coxinha, todo certinho e metido a bom moço. Do lado a favor, uma multidão de pessoas que começou a acompanhar o esporte a partir de meados dos anos 80. A Fórmula 1 acabou se transformando apenas em pano de fundo para as glórias e desventuras de Ayrton Senna.
Hoje, tudo isso já não existe mais. Os Iagos da vida não ligam para a Fórmula 1, quanto mais para um ídolo já considerado velho. A moda agora é o UFC, que vai se consolidando como o segundo esporte do brasileiro. O adulto que se cria hoje pode dizer, sei lá se isso é motivo de algum orgulho ou desprezo, que nunca viu Ayrton Senna correr. E que não tem história alguma para contar sobre ele, seja ela positiva ou negativa. Sim, é isso mesmo: o tempo voou o suficiente para existir maiores de idade que não sabem o que é Ayrton Senna, poupança Bamerindus, Bebeto ninando um bebê após um gol ou uma vida sem redes sociais e sites de busca. Eu fico facilmente estarrecido com bobagens. Como não me assustar com isso?
Ídolo ou vilão, exemplo de vida ou personagem hipócrita, orgulho do país ou masturbação com o pau alheio, Ayrton Senna era um personagem da nossa época. Mas não da época dos mais jovens. O tempo passa, o tempo voa e o piloto brasileiro se torna apenas mais um distante personagem da história. O feriado do 01/05 deixa de ser um dia de lembrança e volta a ser tão somente um feriado.
2 de maio de 2012 at 0:38
Nunca comento nada, em lugar nenhum. Mas, esse texto beira à perfeição, e definitivamente merece um parabéns.
2 de maio de 2012 at 0:41
falou em bamerindus e dps em “o tempo passa o tempo voa”, só me veio à cabeça:
“o tempo passa
o tempo voa
e a poupança bamerindus continua numa boaaaa
é a poupança bamerinduuuuss”
2 de maio de 2012 at 0:55
Tenho poucas lembranças do Ayrton. Tou com 25 agora é me enquadro justamente nos que imaginam o quão grande Senna foi. E para os apaixonados pelo automobilismo, como eu sou hoje, deve ter sido fantástico viver essa época do automobilismo. O que me preocupa é que muito em breve, todas a ser gerações que viram vitórias brasileiras na F1 vão ser minoria. E a F1 vai sair da grade de TV.
2 de maio de 2012 at 9:31
cara… você é muito bom, aguardo seus textos sempre com ansiedade, sao textos diretos com tudo o que gostariamos de falar e sem frescurinhas…
parabéns, continue assim e não fique muito sem escrever… um abraço
2 de maio de 2012 at 9:56
“Uma coisa que acho bastante interessante destas novas gerações é a persistente sensação de desinteresse. Os jovens não leem, não discutem, não refletem, não reverenciam o passado, não analisam o presente e não preparam o futuro. Não costumam se apegar a coisas, a assuntos, a ideias, a simbolismos.” vivi a época do Ayrton, fui e sou ainda seu admirador, hoje sou pai de jovem que age da forma como você descreveu…, é frustrante…
2 de maio de 2012 at 10:24
Parabens Verde.Muito bom texto.Como sempre.
2 de maio de 2012 at 12:49
Excelente artigo, como sempre. Verde. Acho que aí no Brasil já se deveria começar a discutir a pessoa de forma desapaixonada, mas isso, creio eu, vai demorar ainda mais uma geração, quando os que viram correr começarem a morrer ou a envelhecer tanto que se tornam objetos de busca, quais Santos Graal, para qualquer documentário sobre ele ou sobre a época que viveu.
Há um parágrafo que dizes bem: ele merece um estudo sociológico-psicológico sobre o Brasil daquele tempo. Andei a ver ontem à noite o documentário do Asif Kapádia – simples e bem feito, mas com falhas – e entendi um pouco melhor o que ele era. Gostaria que as pessoas refletissem mais sobre isso, mas já cheguei à conclusão que perfiro que eles sejam substituidos por uma nova geração, talvez melhor pensante.
2 de maio de 2012 at 14:28
“Uma coisa que acho bastante interessante destas novas gerações é a persistente sensação de desinteresse. Os jovens não leem, não discutem, não refletem, não reverenciam o passado, não analisam o presente e não preparam o futuro. Não costumam se apegar a coisas, a assuntos, a ideias, a simbolismos.”
Me sinto a exceção dessa regra, hehe
2 de maio de 2012 at 14:50
Gostei!
2 de maio de 2012 at 15:40
Bla bla bla..
2 de maio de 2012 at 15:45
Reticências possuem um ponto a mais, só avisando.
2 de maio de 2012 at 15:51
“Uma coisa que acho bastante interessante destas novas gerações é a persistente sensação de desinteresse. Os jovens não leem, não discutem, não refletem, não reverenciam o passado, não analisam o presente e não preparam o futuro. Não costumam se apegar a coisas, a assuntos, a ideias, a simbolismos.” – Você tem 25 anos e pensa assim. OK. Seu pai poderia ter escrito este texto. Aliás, meu pai, que nasceu em 1950 e tinha 19 quando aconteceu Woodstock poderia ter sido descrito desta forma pelo meu avô.
Tenho 37 – aquela “meia idade”, ainda com filhas pequenas o suficiente para não me afrontarem, mas não jovem suficiente para não ter conhecido fitas K7 e VHS (pesquisem, crianças). O primeiro GP de que me lembro foi Japão, 1988. Vi ao vivo a batida na Tamburello. Mas também vi Piquet, Prost, Mansell, Schumacher, Raikkonen e Vettel. As viúvas de Ayrton são moldadas pela propaganda oficial. Ele era top 5, mas não foi o melhor de todos, nem morreu no auge. Ainda bem que o 1º de maio está voltando a ser apenas o Dia do Trabalho.
2 de maio de 2012 at 17:08
É interessante esse dia 1º de maio. Lembro, que, no dia fatídico, comemorava meu aniversário de 6 anos (nasci no dia 28/4, mas a festa foi feita no domingo). Era um almoço festivo, mas o assunto da festa era a tragédia ocorrida horas antes. Eu, com 6 anos, tava me lixando para aquilo. Mas minhas tias e primas choravam, como se um parente tivesse falecido.
A idolatria atual, ao menos nos mais jovens, é bem mais fraca. Talvez pelo excesso de informação. Hoje, somos bombardeados na mídia pelo Neymar, mas já foi assim com o Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Gustavo Kuerten (multiplicaram escolas de tênis aqui em Floripa há 10 anos atrás). Ídolos vem e vão.
Quanto ao fato dos jovens “perderem o interesse”, entendo que os interesses se multiplicaram tanto que perdeu-se o foco, mas não o interesse.
2 de maio de 2012 at 17:32
No alto do meus 14 anos, infelizmente não vi Senna correr, não ao vivo, bem que dizendo que não vi muita coisa, sorte? não sei, só o tempo dirá.
De uns tempos para cá, as coisas mudaram, hoje, quem é idolatrado é Neymar, antigamente, era Ronaldinho Gaúcho (carioca digamos, porque aquilo não tem nada mais de gaúcho), Robinho, Ronaldo e por aí vai…
Por desinteresse, há muito, ninguém mais se interessa por nada, só por que lhes convém, e isso é raro. Me sinto uma exceção no caso.
Abraços
Ramon Mendes
2 de maio de 2012 at 18:08
Chovendo no molhado: mais um texto irretocável, Verde!!
Dá gosto ler coisas com qualidade e podes ter a certeza de que seu produto sempre foi, é e será de nivel superior!!
Aproveitando também para dizer que concordo com o que o Valesi disse. . .
Abraço e até. . .,
2 de maio de 2012 at 20:34
Cara, sensacional. Tenho 26 anos e sei bem quando fala em juventude desinteressada. Tive a sorte de acompanhar os últimos anos da carreira do Senna, e me espanta também que os jovens de agora não sabem e nem procuram saber quem foi Senna, Bebeto, Pink Floyd, e por aí vai. Defendem essa era tecnológica com unhas e dentes e não entendem como as pessoas viviam sem facebook e twitter. Tenho raiva dessa geração de jovens analfabetos funcionais que não conseguem aceitar um opinião divergente sem apelar, de jovens que não tem capacidade de conversar, enfim, temo pelo futuro.
3 de maio de 2012 at 0:18
“Uma coisa que acho bastante interessante destas novas gerações é a persistente sensação de desinteresse. Os jovens não leem, não discutem, não refletem, não reverenciam o passado, não analisam o presente e não preparam o futuro. Não costumam se apegar a coisas, a assuntos, a ideias, a simbolismos.”
Bem verde acho que o seu comentário muito bom e principalmente muito bem escrito, porem um pouco errado, sabe não é uma praga apenas dessas novas gerações (Da qual eu faço parte, com um lado com orgulho e de outro até com vergonha) esse desinteresse sempre ocorreu, pois infelizmente nem todos os jovens dos anos 60 eram engajados politicamente, acho que essa minha geração é um reflexo não de uma mais de varias gerações que cultivaram esse desinteresse da população com relação a politica (Sabe no sentido clássico de procura por um entendimento das relações entre os homens e de um bem estar geral, baseado nos conhecimentos dessa mesmas pessoas), sabe o buraco é bem mais embaixo, a verdadeira diferença entre os jovens de hoje e de 30 anos atrás essa no fato de que hoje as coisas são muito mais as claras.
3 de maio de 2012 at 0:38
Faz tempo que não comento por aqui.
Esse texto é perfeito embora me exceda desse texto,pois sou um menor de idade que sei que ayrton senna da silva,nasceu no dia 21 de marco e morreu no dia 1°de maio e conquistou 41 vitorias e 65 poles em 162 Gps e me interesso por saber a historia do que ja passaram por aqui antes de nos,mas infelizmente não são muitos.
Tenho que aturar a maior parte dos meus amigos e amigas falando sobre algum jogo de luta,ou sobre minhas amigas falando de restart e outras bandas de merda que envergonham o que chamamos de musica,entre outras babaquices desse seculo em que a internet domina,não que eu não goste de internet,adoro,mas pelo menos poderiamos ter um mundo com menos merda no que se refere a entreterimento.
Pelo menos no que se refere a estabilidade do mundo ate que vivemos numa era boa,numa era em que não temos discriminição racial,em que temos liberdarde de expresão,embora essa seja mais usada somente para escolher eliminados do BBB,o que quero dizer é que não usamos nossa liberdade de expressão que temos embora hoje sejamos livres pra falar.
Acabei me empolgando,mas acho que isso é bom,acho que faço um bom uso da palavra,algo que muitas pessoas da minha idade,ou ate mais velhas ignoram.
Enfim o que da pra concluir é que esse mundo nunca sera perfeito,mas me arrisco dizer que preferia ter o muro de berlim e ouvir legião,mamonas,cazuza entre outros do que acordar com um mundo em paz,sem ter o que fazer e uvir cine,restart e justin bieber,pena que isso é so uma opinião
Abraço,
Rubem Rodriguez Gonzalez Filho
obs:tenho 15 anos,mas vejo o senna todos os dias no youtube(ta ai um bom uso da net)
3 de maio de 2012 at 8:37
se não fosse a falta do espaço depois da virgula eu jurava que você tem mais de 15 anos…
3 de maio de 2012 at 13:58
hehe, ainda tenho a melhorar
3 de maio de 2012 at 4:45
Sinal de que estamos envelhecendo. hahahaha
5 de maio de 2012 at 0:21
É interessante perceber esse devir, mas vejo ainda outros matizes. É certo que os “Iagos” não passaram pelo trauma de ver a morte em cadeia nacional. E é absolutamente certo que o crescimento dessa geração foi inversamente proporcional ao do interesse pelo automobilismo no Brasil, embora, veja só, faz 21 anos que brasileiro nenhum ganha esse troço e ele continua sendo transmitido ao vivo religiosamente, e com correspondente da Globo, da Folha, do Estado, Band News e Jovem Pan (e isso custa caro).
A geração dos nascidos em 94 pegou essa transformação no contrapé. Quando Senna morreu, Jânio de Freitas o chamou, na Folha, de um símbolo tardio do Brasil desenvolvimentista. Ano passado, Sergio Malbergier, também na Folha, o chamou de herói antecipado do Brasil contemporâneo, esse se livrou da hiperinflação, deu a volta por cima e agora é ‘player’ pra valer, meio à sombra, mas pra valer. Note que Jânio e Sergio estão certos.
Os jovens de hoje podem ver, num clique, a vitória do Senna no GP de Mônaco de 93, completinha. Um jovem de 93 muito dificilmente teria acesso a qualquer documento audiovisual de dois anos antes. A era do online não é apenas a do achatamento do espaço, mas também – e muito catedrático tem ignorado isso – do achatamento do tempo…
A geração de 94 não torceu com Senna como eu ou você (somos quase contemporâneos) nem ficou com um nó na garganta naquele 1º de maio, mas sabe quem foi Senna, porque alguém lhe contou, porque topou com alguma reportagem na TV ou na internet. Da mesma forma que a minha geração ficou sabendo, sei lá, sobre o Stewart. Não sei até que ponto alguém de 18 anos hoje se interessa em saber qual é o mundo em que vivemos e como ele se tornou o que é, mas Senna ainda representa um tantinho dessa resposta – que eles talvez tenham um pouco de dificuldade de dimensionar, porque não sabem o que são notas de dinheiro com zeros até falar chega, porque não viu o espaço urbano brasileiro sair do modernista para o neobrega, cheio de ostentação, vidros e design…
O ano de 1994 não é só o da morte do Senna, mas o do Plano Real, o da transição democrática, o ano em que o consenso de Washington engatou pra valer (note que Kurt Cobain morreu na hora certa, porque todo aquele inconformismo da geração perdida foi enterrado na mesma vala – e só agora com os Occupies da vida que as rádios e as mentes começam a revisitá-lo).
Concordo mesmo, o 1º de maio, para os mais novos, voltou a ser só mais um feriado para ir à praia. Mas não acho a figura do Senna ainda totalmente desprovida de sentido, como um duque de Caxias. Talvez ele seja um estranho, mas um estranho estranhamente familiar…
5 de maio de 2012 at 23:07
fala aí ô adam smith! pois é, só hj vim comentar aqui. e ainda num tema poleeeemico: rei senna. vish, me parece até cansativo flr dele ainda hj, 18 anos dps, mas como vc msm disse, aconteceu. e num dá pra negar. qnd vi o documentário dele ano passado fiquei choada com as imagens da multidão seguindo o caixão do cara. tenso. mas, um pc antes disso, qnd eu tava lá me matando p encontrar um tema pro maldito mestrado (que não, eu ainda n tenho), pensei nisso, em pensar o senna numa perspectiva sociológica-historica-antropologica. num sei se ainda qro, mas o que sempre me parece é que ele virou td isso aí, e sua imagem faz um certo barulho até hj (é, num dá p esconder que msm tanto tempo dps as pessoas ainda se lembram dele com um certo saudosismo. pe só olhar pras apostas que fizeram no sobrinho oficial) pq as pessoas gostam de gnt coxinha. opa! pera aí, vamos por partes, o senna era um MEGA EXEMPLO de bom moço: ó, que lindinho, acerdita em deus, num fala palavrão, pega a ‘rainha dos baixinhos’ e AINDA POR CIMA TRAZ TITULOS PRO BRASIL, CARAIO, QUE BELEZA. mas, enfim, pra mim, é q já existe um modelo de heroi arraigado nas tradições brasileiras e, nao sei se o senna era beeeem isso, mas a imagem que a imprensa construi dele era (e, meo, nd melhor do q um tempo em que estão pensando em shows holográficos com gnt que já morreu pra se flr da importancia da imagem. ou então, td mundo lembra que o presidente dos eua que no ‘batman cavaleiro das trevas’ não existe.existe a imagem). enfim, eu não sei mto bem como pensar essa questões. atualmente minha preocupação tem sido pensar em como essa inagem, anterior ao proprio senna mas q tbm o ultrapassa, tem sido construida. e aí vai mto campbell, vai mto lacan que eu já me perdi. enfiim, ainda acho um tema espinhudo, apesar da distancia temporal (porra, so historiadora), mas qqr coisa q mexa com as pessoas a ponto de levantar acaloradas discussões me parece fascinante.
falou verde, té mais.
6 de maio de 2012 at 20:57
Um texto feito para amantes de F1, cheio de generalizações e noções pré-concebidas; nada mais.
Não se pode falar de duas gerações apenas sobre o ponto de vista que lhe apetece, ou seja, a F1.
7 de maio de 2012 at 10:53
Faz sentido. Não escrevo para amantes de Le Parkour.
7 de maio de 2012 at 15:30
Antes de mais nada, parabéns pelos textos. São realmente ótimos.
Para colocar as coisas em perspectiva, tenho 39 anos e vejo a F1 regularmente desde 1988. Sou um apaixonado, antes de mais nada, pela técnica e tecnologia da F1.
Sua avaliação humanista do mito Senna foi muito feliz, porém, um detalhe que passou desapercebido foi o nascimento do mito.
Se pensarmos em termos de puro merecimento, o Nelson Piquet deveria ser tão ou mais mito que Senna, já que passou por maiores dificuldades antes de atingir o mesmo resultado. Ou o Emerson, Moreno, etc.
O mito foi criado única e exclusivamente pela Rede Globo, de forma extremamente inteligente. E o piloto Senna soube encarnar com maestria este papel. Criador e criatura na mais pura harmonia.
Ainda hoje, não é o povo que cria os mitos. Os mitos são criados, pasteurizados e embalados para o consumo. Ontem, foi o Senna. Amanhã, Anderson Silva
Verde, vai um mito aí?
7 de maio de 2012 at 16:12
Embala pra viagem.
7 de maio de 2012 at 20:14
Acho que a Globo pega muito bem na Inglaterra, então. Inclusive, o Jeremy Clarkson deve ter assistido muito a Globo ultimamente, já que retificou sua opinião e passou a dizer que considera o brasileiro, agora, o melhor piloto que já viu correr. E vai dizer que Hamilton, Hakkinen, Coulthard e até Schumacher não se ligam na Globo, né? Será que estão curtindo Avenida Brasil?
8 de maio de 2012 at 9:29
Daniel,
não confunda as coisas.
O Jeremy Clarkson não o tem como ídolo. Ele apenas o considera, assim como eu, um dos melhores pilotos de F1 de todos os tempos, senão o melhor.
O texto do Verde fala sobre a idolatria, que são coisas completamente diferentes.
Há vida além da Rede Globo. Confie em mim.
7 de maio de 2012 at 22:11
Tava escrevendo esse comentário no dia que li, larguei de mão pra dizer que estamos ficando velhos e fui dormir. hahaha Acabei achando hoje no rascunho do e-mail.
“As vezes bate uma nostalgia por ter vivido uma infância diferente da de hoje, onde me sujava com terra, me esfolava no asfalto jogando bola com as traves feitas de chinelos, corria e brincava com crianças normais, e não com passaros raivosos e memes. Não tenho pena dessa criançada e dessa juventude pois penso que cada um tem e vive sua fantasia e seu espírito lúdico da sua forma, então eles podem muito bem estar se divertindo muito achando que era impossível ser feliz sem tablets e notebooks.
Essa questão do desinteresse é bem estranha. Mesmo de onde deveria vir a crítica, ela não vem. Vejo o pessoal defender seus ideias com imagens e frases de 50 caracteres de uma forma tão futil e vazia que me admira. Ainda bem que tivemos o escandalo do Cachoeira aqui em Goiás pra dar uma acordada nos ânimos. Lógico que boa parte ficaram nos seus notebooks dizendo que as críticas e movimentos são coisas de partido tal, ou dos maconheiros que cursam humanas e são revoltados sustentados pelos pais. Tanto de um lado quanto do outro a cosia ta feia. Tomara que o ditado esteja correto. Se uma geração nega a anterior, quem sabe a próxima não venha com mais postura crítica.”
Retomando o que tava escrevendo antes e interrompi pra dormir. huahauhau
To vendo a mulecada de hoje criticar a importância de Kurt Cobain cuja morte também fez maioridade esse ano e voltei a pensar nisso. Pensei no fato de que com essa quantidade enorme de informações, a mulecada de hoje se prende mais na questão factual. Parecem ter uma dificuldade em entender o contexto social e histórico de como as coisas aconteceram, e aí tendo somente os dados frios, misturados á negação de sua geração imediatamente anterior, temos esse descaso aí. Tem muita falta de leitura também, refletida numa gramática poder (não digo erros pontuais, pois todos erramos hora ou outra) total falta de interpretação, principalmente de gente que não consegue debater texto completo, quiçá um parágrafo; só consegue decompor tudo em pequenas frases pra refutar cada uma ou mesmo retirar uma pequena sentença do contexto geral pra discordar.
24 de fevereiro de 2013 at 21:31
Lindo o texto… E que coincidência eu tbm nasci no dia 01/05/1994 Só que eu nacsi um pouco depois do acidente do Ayrton Senna nasci às 12:00… mas enfim amei o texto.