Indy 500, idolatro.
Em verdade, nunca dei muita importância à Indy atual, ou à antiga Indy Racing League, ou a algo que o valha. Gostava, sim, da CART, aquela categoria que conseguia entregar corridas ótimas mesmo em soporíferos citadinos como Detroit. Mas a Indy que corre com aqueles malditos Dallara em ovais no meio de nadas como Kansas nunca foi do meu apreço. As 500 Milhas de Indianápolis, no entanto, sempre foram uma exceção para mim.
Não há uma razão lógica para isso. Para quem não gosta de ovais, as corridas em Indianápolis são tão imbecis como qualquer outra nesse tipo de circuito. A diferença está na atmosfera, no significado da corrida. A primeira Indy 500 foi realizada em 1911, tempo em que os Estados Unidos ainda eram aquele país emergente e moderno que colocaria a então vigente supremacia britânica em xeque. O estado de Indiana, onde a corrida é sediada, é um próspero produtor de leite e podemos perceber como o insumo é importante para o estado no pódio da corrida, no qual uma garrafa é entregue ao vencedor. Nas arquibancadas, temos famílias inteiras comendo cachorro-quente, tomando refrigerante e carregando brindes e autógrafos distribuídos por pilotos, equipes e patrocinadores. A Indy 500 deixa de ser apenas uma corrida de carros e se torna um evento que une a cultura americana do trabalho e do orgulho com aquele ambiente meio provinciano e simplório típico dos estados do “meião”.
E a 94th Indy 500, que será realizada no próximo domingo, terá tudo para ser sensacional.
É verdade que os Dallara-Honda são horríveis e geram tanto downforce que qualquer movimento mais heterodoxo resultará em uma bela pancada e uma visita às enfermeiras do Methodist Hospital. É verdade que o interesse geral pela corrida diminuiu um bocado desde a cisão entre a CART e a IRL. É verdade que o nível de pilotos, embora não esteja ruim neste ano, já foi melhor. É verdade que a briga pela vitória deverá ficar apenas entre Penske e Ganassi. Tudo isso é verdade. Mas qual categoria pode se gabar de estar em um grande momento?
Hélio Castroneves marcou sua quarta pole-position neste circuito e dará as caras por lá visando sua quarta vitória. É o típico caso do piloto que nunca ganhou um título de biribol na vida, mas que conseguiu se consagrar por ser um supervencedor em uma única e importantíssima corrida. Boa sorte para ele, embora prefira que ele ganhe um título na Indy de uma vez por todas. Ademais, minha torcida vai para outro.
Alex Tagliani, este é o nome do outro. O cara formou um grupo com uns amigos de sobrenomes peculiares como Azzi e Freudenberg, comprou uns “assets” da antiga Roth, criou uma equipe com o horrível nome FAZZT e está incomodando as equipes de ponta desde o início do ano. Em Indianápolis, depois de andar nas cabeças durante a maior parte do tempo, conseguiu uma excepcional segunda fila e é o primeiro piloto do grid que não corre na Penske ou Ganassi. Seu companheiro, Bruno Junqueira, é outro que merece minha torcida. O mineiro está na FAZZT por uma dívida de gratidão de Tagliani, que tomou seu lugar na Conquest para esta mesma corrida no ano passado e fez apenas alguns quilômetros antes de ser o mais rápido do Bump Day e obter a 25ª posição. Simpaticíssima, a FAZZT.
O Bump Day, aliás, é a coisa mais legal que existe em toda a temporada da Indy. Sem brincadeira, é o momento pelo qual eu mais espero. Um punhado de pilotos desesperados brigando para ver quem consegue largar em Indianápolis sempre rende boas histórias. Jay Howard, por exemplo, estava garantido no grid, mas eis que o cretino decide voltar à pista unicamente para andar devagar e ceder seu lugar ao colombiano Sebastian Saavedra, que descobriu estar no grid quando estava no hospital se recuperando de um acidente sofrido momentos antes. E Tony Kanaan?
Coitado dele, sempre azarado em Indy. O baiano até conseguiu largar na pole em 2005, mas nunca conseguiu brigar diretamente pela vitória. No ano passado, sofreu um acidente feio e até precisou dar um pulo ao Methodist. Neste ano, conseguiu sofrer dois acidentes em dois dias seguidos e ficou seriamente ameaçado de não participar. No fim das contas, se achou na 32ª posição. Quer saber? Torço pra ele também.
Ficaram de fora Milka Duno (nenhuma novidade), Jaques Lazier (não faz falta), Jay Howard (Darwin explica) e Paul Tracy (este, sim, fará falta). 38 pilotos, no total, participaram dos treinamentos. AJ Foyt IV, neto do homem, chegou a participar de alguns treinos, mas acabou substituido pelo Lazier.
E os outros brasileiros? Teremos, neste ano, um recorde de participantes tupiniquins: oito. Destaco Ana Beatriz, a melhor entre as cinco mulheres que tentaram classificação. Em sua primeira participação em um oval na categoria, vai largar em 21º e tem boas chances de obter um bom resultado. Os outros serão outros. Raphael Matos sai em 12º, uma posição à frente de Mario Moraes. Mario Romancini larga em 27º e Vitor Meira, em 30º. Torço mais para o Matos, pois gosto da Luczo Dragon, e para o Meira, que precisa acabar com seu tabu de vitórias, algo improvável de acontecer neste domingo.
Quanto ao restante do grid, torço por Scott Dixon, Justin Wilson, Tomas Scheckter, Ryan Hunter-Reay, Ernesto Viso, Simona de Silvestro e chega. Destaco o belíssimo Lotus-faced KV de Takuma Sato. Não que eu torça por ele, muito pelo contrário. O problema é que seria uma judiação ver um carro bonito como aquele no muro.
Faço minhas apostas desde já. Ganha Will Power. Castroneves termina em quarto. John Andretti, Ryan Hunter-Reay, Bertrand Baguette, Mario Romancini e Dario Franchitti irão para o muro. Podem cobrar o oráculo aqui.
25 de maio de 2010 at 17:22
É verdade que os Dallara-Honda são horríveis
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Você fala esteticamente horriveis? Se for, entao o que acha dos atuais F1, com seus bicos parecendo aspirador de pó? Os carros da indy atuais são de longe mais encorpados e bonitos do que qualquer um da F1. Pode pegar fotos e comparar.
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É verdade que o interesse geral pela corrida diminuiu um bocado desde a cisão entre a CART e a IRL.
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Errado, a categoria está reunificada. Você não sabia? CART e IRL são uma só há algum tempo e o interesse nao diminui assim nao, basta ver o publico dos anos anteriores. Exagerou legal aqui
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E só pra dar uma ajuda, a palavra CHEQUE foi usada em lugar errado. Na verdade teria que ser XEQUE, palavra utilizada no jogo de xadrez.
Abraço e curti seu post, exceto certa preferencia por olhar coisas de maneira sensacionalista. E esse ano dá Helio, errou o palpite!
Abraço, brother
25 de maio de 2010 at 17:38
Os carros de Fórmula 1 estão bem feios mesmo, embora eu até ache que eles melhoraram do ano passado para cá. Mas isso não faz dos Dallara da Indy mais bonitos, hehe. Até mesmo os G-Force, que levavam pau da Dallara especialmente em ovais curtos, tinham uma aparência mais agradável. O bico é horrível e aquela aparência encorpada não é muito aceitável para um monoposto moderno.
Quanto à questão do interesse, a Indy 500 do ano passado apresentou recorde negativo de audiência. E as edições anteriores não tiveram resultados muito menores. A transmissão por canal pago, o Versus, e a concorrência crescente com a NASCAR são as principais explicações. A última Indy 500 realmente boa, ao meu ver, foi a de 1995, última antes da cisão. A reunificação em 2008 melhorou um pouco, mas não muito.
E valeu pela correção! Abraço.
26 de maio de 2010 at 0:44
Mas também a ABC nunca largou da Indy 500, quando a FOX ia comprar a corrida, a ABC foi lá e pagou mais.
25 de maio de 2010 at 20:06
Vo acompanhar mais seu blog mesmo Verde. E independentemente do gosto particular, o que acho massa é versar sobre automobilismo.
Indy e F1 estão na minha memória desde a infancia, antes mesmo de curtir futebol. Acordar de manhã pra ver Piquet, depois Senna e, alem disso, Emo na Indy, era demais pra mim.
Piloto mais completo que Emo não existe, vencedor de 2 Mundiais de F1, vice em outras duas oportunidades, vencedor do Campeonato da CART, com um vice tambem, e ainda por cima BI em Indianapolis. PQP, aquela fase é a melhor de todas. Vi Bob Rahal, Mears, Andrettis… É de emocionar!
E a final mais impressionante da Indy 500 foi a primeira que assisti completa na BAND: Scott Goodyear versus Unser Jr. O final foi por meio carro de distancia. Nunca esquecerei que o Scott havia largado entre os ultimos e quase venceu. Foi brilhante aquela corrida. A do ano passado curti demais, e esse ano tem tudo pra ser fantastica com Power, Briscoe, Franchitti, Helinho, Dixon, Tagliani e junqueira. Isso mesmo, aposto em Junqueira para uma grande prova. acertou o carro demais nos treinos!
abraço verde! E tenta me tirar do castigo lá na comu da Formula 1. Ou estou expulso pra sempre? Meu perfil era “Kelli & Rafael”.
26 de maio de 2010 at 7:47
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Dá uma olhada aí verde!